69% dos homicídios registrados em Pernambuco em 2017 não foram esclarecidos

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Ilustrativa

O segundo semestre de 2018 se aproxima, mas pendências de 2017 ainda desafiam a polícia pernambucana. Dos 5.426 homicídios investigados no Estado, apenas 1.694 tiveram as investigações concluídas e os inquéritos apontaram os autores dos crimes. Isso significa que 69% dos assassinatos contabilizados no ano passado ainda não foram esclarecidos. Uma vitória da impunidade.

As estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS) foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação. Segundo os dados, dos 790 homicídios registrados no Recife em 2017, a Polícia Civil concluiu as investigações de 234 até agora. No entanto, em cinco inquéritos os policiais não conseguiram apontar quem foram os responsáveis pelos crimes.

No Interior de Pernambuco, a dificuldade em identificar a autoria dos homicídios é ainda maior, como mostram as estatísticas. No ano passado, oficialmente, 3.060 pessoas foram mortas de forma violenta. Só 1.166 investigações foram concluídas com definição de autoria do crime. A Polícia Civil concluiu outros 85 inquéritos, mas não conseguiu identificar os criminosos.

Já na Região Metropolitana (sem englobar a capital), 1.576 inquéritos de homicídios foram abertos em 2017. Do total, 299 foram encerrados com a identificação dos responsáveis. Outros oito foram remetidos à Justiça sem apontar a autoria.

CRESCIMENTO DA VIOLÊNCIA
Levantamento aponta que nos três primeiros anos da gestão do governador Paulo Câmara (2015 a 2017), Pernambuco registrou 13.795 homicídios. Se comparado com o mesmo período do segundo mandato do ex-governador Eduardo Campos (2011 a 2013), quando 9.928 mortes foram contabilizadas, houve aumento de 39% nos assassinatos. O ano de 2017 fechou como o mais violento da história.

PERFIL DAS VÍTIMAS
As estatísticas da SDS também demonstram a desigualdade de raça. Do total de homicídios registrados em 2017, 95% têm como vítimas negros e pardos. Para especialistas, esse resultado não é surpresa e é reflexo da ausência de políticas públicas, que persiste na sociedade.

Para o Ministério Público de Pernambuco,a pesquisa aponta uma omissão das instituições em relação aos negros. “Existe, inclusive, uma má vontade do Estado de fazer esse recorte nas estatísticas. E, quando as vítimas são negras, a polícia não se empenha em fazer investigação e não identifica os autores dos crimes, porque a vida daquelas pessoas não tem muito valor. Há uma indiferença das instituições. A realidade é que não há políticas para desconstruir ou minimizar isso”, afirmou a procuradora de Justiça Maria Bernadete Figueiroa. A Polícia Civil pontua que todos os homicídios são investigados com o mesmo empenho.

Ronda JC

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