Após ataque de tubarão, especialistas questionam protocolo de atendimento em Pernambuco

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Após a repercussão na internet do caso do homem foi atacado por um tubarão na altura da praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes (Grande Recife), ontem (15), várias pessoas – principalmente surfistas, biólogos e médicos – passaram a questionar nas redes sociais e grupos de mensagens a eficiência no atendimento à vítima.

Os profissionais questionaram a existência de um protocolo estadual específico para pronto-socorro nesses tipos de casos. Também falam que a vítima deste domingo teve um primeiro atendimento com procedimentos inadequados e perigosos, como o uso de torniquete, por exemplo. Outros comentários trataram da falta de isolamento do local para afastar os curiosos e de um atendimento específico para um paciente em situação de choque hipovolêmico (choque hemorrágico, quando há perda de cerca de um litro de sangue comprometendo o funcionamento do coração).

“O protocolo para qualquer vitima de trauma é um protocolo mundial de atendimento a um politruamatizado, o ATLS [Advanced Trauma Life Support, na sigla em inglês]. Tem que se basear nesse protocolo. O que a gente viu nesse atendimento, e em outros, foi que algumas coisas foram deixadas de lado”, analisou o médico Bruno Freire. “Pelo que vi nos vídeos que circularam na internet, o paciente já apresentava sinais de choque hipovolêmico, como sudorese constante e desorientação. Nesses casos, é preciso verificar a frequência cardíaca. Ficou muito se importando em fazer torniquete, que não era essencial”, acrescentou.

Ainda de acordo com Freire, devido à perda de sangue, os bombeiros deveriam ter um treinamento para pegar pelo menos um aceso venoso e fazer correr volume. “Não há no Estado um protocolo para uma conduta a um atendimento inicial a uma vítima de tubarão. As demais condutas, a solicitação do helicóptero, foi perfeita. Foi fundamental para o atendimento, pela resposta rápida”, elogiou.

Para o biólogo e oceanógrafo Clemente Coelho Júnior, as estatísticas em relação a atendimento do gênero e o número de casos de óbitos demonstram que os procedimentos não são os ideais. “Em outras lugares do mundo, como na Flórida [EUA], há equipes especializadas em ataques de tubarão. Se, nesse caso, foi feito o procedimento ideal, vamos parabenizá-los [as autoridades]. Se não foi, é preciso criticar severamente”, disse.

De acordo com o coronel do Corpo de Bombeiros Leodilson Bastos, presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (Cemit), Pernambuco possui sim um protocolo para esse tipo de atendimento. “Não só tem como o cumpre”, afirmou. “Nesse momento de crise, é importante conclamar a população para observar os locais das placas que indicam a presença de tubarão, não depredá-las, e verificar os locais dos guarda-vidas”, ressaltou.

FolhaPE

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