Assessor de Trump, John Bolton, deve vir ao Brasil se reunir com Bolsonaro

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O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, deve vir ao Brasil se encontrar com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, no dia 28 de novembro. O plano é que Bolton faça uma parada no Brasil antes de seguir para o encontro do G-20 em Buenos Aires, que se realiza nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, segundo apurou a reportagem.

Antes, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, irá a Washington, Miami e Nova York. No dia 26 de novembro, ele deve se encontrar em Washington com funcionários do Conselho de Segurança Nacional americano, órgão de política externa da Casa Branca, chefiado por Bolton. No dia 27, Eduardo falará em almoço na Câmara de Comércio dos EUA, organizado pelo Brazil-U.S. Business Council.

Em sua viagem, o deputado também passará por Nova York e Miami, onde deve se reunir com integrantes da comunidade brasileira, executivos do mercado financeiro, veículos de mídia e intelectuais conservadores. Ele será acompanhado por Filipe Martins, secretário de assuntos internacionais do PSL. Está em negociação um encontro com o senador americano Ted Cruz, republicano do Texas. O cubano-americano Cruz, que foi pré-candidato à presidência, é um dos políticos mais conservadores do Congresso americano: crítico ferrenho do casamento gay e direito ao aborto e grande opositor do governo cubano.

O entorno bolsonarista não confirma os encontros, dizendo apenas que há conversas para que esses encontros ocorram, mas ainda não há confirmação oficial. Procurada, a Casa Branca não retornou pedidos de entrevista. Eduardo chegou a anunciar uma visita à capital americana para se reunir com o vice-presidente, Mike Pence, e com o secretário de Estado, Mike Pompeo, em 12 de novembro, mas teve de cancelar após não conseguir confirmar as agendas.

Bolton é um dos principais conselheiros do presidente Donald Trump em política externa e figura bastante polêmica. Muito linha-dura em relação a Venezuela, Cuba e Nicarágua, ele chama esses países de “Troica da Tirania”. “Esse triângulo de terror que se estende de Havana a Caracas e Manágua é a causa de imenso sofrimento, ímpeto de enorme instabilidade regional e a gênese de um berço sórdido do comunismo no hemisfério ocidental”, disse em discurso no início do mês. “Os Estados Unidos esperam que cada um dos lados do triângulo caiam, a Troica vai se esfacelar“.

No discurso, ele afirmou que os EUA têm interesse em fazer alianças com os governos do Brasil e da Colômbia para aumentar a segurança e melhorar a economia na América Latina. Bolton foi um dos proponentes de novas sanções contra Cuba, que foram impostas nesta semana, e é grande crítico da aproximação dos EUA com a ilha, implementada durante o governo Obama. Com Bolsonaro, Bolton deve reforçar os pedidos do governo americano para que o Brasil imponha sanções à Venezuela.

O governo Trump vem reforçando gestos de aproximação com o presidente eleito brasileiro. Dentro do governo americano, há a expectativa de que Bolsonaro proponha a negociação de um acordo bilateral com os EUA. Existe até a possibilidade de Trump ir à posse de Bolsonaro, dia 1º de janeiro.

O Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores, também vem fazendo demonstrações de apoio ao governo eleito brasileiro. Nesta sexta-feira, Kimberly Breier, secretária de Estado assistente para hemisfério ocidental, tuitou em apoio às críticas de Bolsonaro ao programa Mais Médicos de Cuba.

Muito bom ver o presidente eleito Bolsonaro insistir que os médicos cubanos recebam seu salário justo, em vez de deixar Cuba tomar a maior parte do dinheiro e por em seus cofres.” Eduardo vem se mostrando cada vez mais ativo em política externa. Também nesta sexta-feira, replicou um tuíte da missão dos EUA na ONU, de 1º de novembro, em que a embaixadora americana, no órgão, Nikki Haley, rebate as críticas contra a atuação do governo americano em relação a Cuba.

Em agosto, ele se encontrou com Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca, que apoiou publicamente Bolsonaro. Bannon afirmou no último mês em entrevista à Folha de S.Paulo que ficou “muito bem impressionado com Eduardo e seus assessores” e que tinham “a mesma perspectiva em relação à economia, estabilidade, lei e ordem“.

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