Boato de greve provoca corrida aos postos de combustíveis no Recife

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Longas filas de automóveis esperando para abastecer foram encontradas em postos de gasolina de diversos pontos da Região Metropolitana do Recife na noite deste sábado (1). A reportagem da Folha de Pernambuco encontrou situação semelhante em locais como as avenidas Rosa e Silva, João de Barros e 17 de Agosto, na Zona Norte, e em bairros da Zona Sul, como Boa Viagem, nas proximidades do Shopping Recife, e Imbiribeira, além de Piedade, que fica em Jaboatão, município vizinho. Em Setúbal, também Zona Sul, um posto chegou a aumentar o preço do litro em R$ 0,50 e havia também locais já com a gasolina esgotada.

Durante todo o dia circularam áudios de supostos caminhoneiros avisando de nova greve a partir da madrugada de domingo (2), mas a veracidade dos áudios ainda não foi confirmada. O posto Petromega, que tem unidades no Recife, chegou a produzir uma peça gráfica para circulação via redes sociais sugerindo que os clientes abasteçam os tanques devido a “uma paralisação nos abastecimentos de combustíveis de Suape”. A peça, no entanto, reforçava que o boato não estava confirmado: “Não temos uma confirmação, mas são fortes os indícios”, dizia o texto.

Ciente da iniciativa do posto, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco divulgou uma nota na noite deste sábado chamando de irresponsável a iniciativa do posto e informando que vai notificar a empresa na segunda-feira (3). Confira a íntegra da nota:

“Nota à imprensa

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e o Procon/PE informam que na próxima segunda-feira (03/09) estarão notificando a empresa PetroMega a prestar esclarecimentos quanto a nota veiculada em suas redes sociais neste sábado. O informativo, sem qualquer fundamentação, alerta de forma irresponsável a população quanto à possibilidade de paralisação no abastecimento de combustíveis no estado.

A SJDH esclarece, ainda, que provocar alarme, anunciando perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto é crime previsto no Art. 41, da Lei de Contravenções Penais (LCP), sob pena de prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa.”

Longas filas
Mesmo com os desmentidos, o tumulto permanecia durante toda a noite deste sábado. Na Avenida Abdias de Carvalho, Zona Oeste da cidade, uma fila dupla de carros se formava para abastecer. Na Estrada das Ubaias, Zona Norte, carros se enfileiravam na faixa ao lado de um posto que já estava inclusive fechado.

Posicionamento
Em nota divulgada pela UDC (União dos Caminhoneiros do Brasil), caminhoneiros da entidade afirmam que farão uma mobilização em todo o país após o feriado de 7 de Setembro e por tempo indeterminado. A UDC acusa o governo de não ter cumprido o prometido em relação ao preço do diesel, que na última sexta-feira (31) teve reajuste de 13%. A lei que estabeleceu a nova política de frete prevê revisão dos pisos mínimos caso o combustível tenha oscilação superior a 10%, para acomodar o aumento de custos dos caminhoneiros. A entidade reclama da falta de fiscalização nas estradas pela ANTT. A UDC pede mais fiscais e postos de fiscalização que obriguem às transportadoras a cumprirem a tabela mínima do frete. “Pedimos imediatamente as seguintes providências afim de que a população brasileira não sofra os danos de uma nova paralisação”, afirma a nota. Os caminhoneiros da UDC também reclamam da atuação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e pedem a dissolução da diretoria da entidade. A possibilidade de uma manifestação perto das eleições, no entanto, já era ventilada dias após a paralisação de onze dias em maio, como forma de pressão política.

De acordo com caminhoneiros ouvidos pela reportagem, se a ANTT não se posicionar até o dia 7 ou 8 de setembro, é grande o risco de haver novas paralisações. Nesta sexta-feira (31), a Abcam, entidade que reúne os motoristas autônomos, afirmou que pretende se reunir com o governo para discutir o tema e que “fará o possível para evitar nova paralisação” da categoria.

A Abcam confirma ter detectado focos de insatisfação por aplicativos de trocas de mensagem, mas diz ainda não ver mobilização suficiente para nova paralisação. Na primeira paralisação, que teve liderança dispersa, as redes sociais foram importante instrumento de mobilização. “A associação, que sempre acreditou no diálogo, fará o possível para evitar uma nova paralisação”, disse a Abcam, em nota divulgada nesta sexta-feira.

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