Disputa pelo Governo de Pernambuco é reedição de um velho embate

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Reeditando a polarização da campanha passada, quando o governador Paulo Câmara (PSB) e o senador Armando Monteiro Neto (PTB) disputaram o Governo de Pernambuco, a eleição estadual de 2018, que levará 6,5 milhões de eleitores às urnas neste domingo (7), ficou marcada pela incoerência programática dos palanques, por propostas com traços populistas e pelo debate nacionalizado. Nenhum dos demais candidatos na disputa – ex-prefeito Julio Lossio (Rede), ex-deputado Maurício Rands (PROS), Dani Portela (PSOL) e Simone Fontana (PSTU) – se consolidou como terceira via.

Tudo isso com a peculiaridade do sentimento lulopetista no Estado ditando algumas estratégias de campanha. Contudo, os palanques dos protagonistas se destacaram pela incongruência de posições, com o antipetista Jarbas Vasconcelos (MDB) e o petista Humberto Costa (PT) ao lado de Câmara, que criticava o PT e hoje está aliado, e, do outro lado, os antipetistas Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB) com Monteiro, que era aliado ao PT e evita críticas ao partido. “Em Pernambuco, a presença do lulismo é forte e bater nele significa perder votos”, pondera Antônio Lucena, cientista político do Observatório do Poder, lembrando que o próprio PT parou de usar o termo “golpe” para evitar mal-estar com antigos desafetos e hoje aliados.

O cientista político Ernani Carvalho, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pontua que a campanha, por um tempo, foi baseada em Câmara e Monteiro tentando se vincular ao ex-presidente Lula (PT) e, depois, a imagem da oposição vinculada ao presidente Michel Temer (MDB), vide Araújo e Mendonça terem sido ministros do emedebista.

Aliás, este e a reforma trabalhista foram dois temas que vieram à tona durante o pleito estadual. Câmara que havia se posicionado a favor da destituição da petista e hoje está aliado ao PT, disse que se arrependeu. A outra temática surgiu na reta final e influenciou nas pesquisas de intenções de votos. Nos bastidores das duas campanhas, a avaliação é que a reforma trabalhista, a qual Monteiro votou favorável, apresentou-se como um ponto frágil do petebista, que, no primeiro momento evitou falar, depois tentou explicar seu voto.

Os postulantes trocaram as propostas desenvolvimentistas de outrora por promessas que possam arregimentar o maior número de eleitores. Lucena destaca que foco dos candidatos foi o eleitorado mediano, sem apreço a questões fiscais. “(Propostas com) apelo eleitoral com certa medida populista que amplia gastos. A ideia é atingir o máximo de eleitores”, analisa. Exemplos disso são a promessa de pagamento do 13º salário do Bolsa Família, de Câmara e de Monteiro, ou a “Nome Limpo”, de Rands.

Denúncias eleitorais
Pernambuco, com 2.744 denúncias, é o segundo estado com maior número de denúncias eleitorais, atrás de São Paulo, com 3.453, segundo o Pardal, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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