Em meio a casos de corrupção, PT, MDB, PSDB e PP perdem filiados

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Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Presidência da República, eleito em 2002, o PT viu seu número de filiados praticamente dobrar: saltou de 828 mil para 1.589.871, de acordo com dados de abril último, publicados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No entanto, após o início da Lava Jato, em 2014, quando vários nomes do partido apareceram envolvidos em casos de corrupção, culminando com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, a sigla viu o seu ritmo de crescimento diminuir.

O cenário só começou a ser modificado, a partir da condenação de Lula em primeira instância, pelo juiz Sergio Moro, em julho do ano passado. Foi quando o PT decidiu lançar uma campanha nacional de filiação e adotou o discurso, capitaneado não apenas pelo ex-presidente mas também pela presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann (PR), de que Lula estava sendo vítima de uma perseguição jurídica.

Aliada a mudanças promovidas no cadastro de filiação ao partido, que ficou mais rápido e simples, a estratégia deu certo: o PT ganhou 8.004 filiados desde a primeira sentença contra Lula, um crescimento de 0,5%.

“O momento crucial aconteceu em meados de 2016, com o avanço da Lava-Jato, a prisão de vários quadros (do PT) e a percepção de que o partido havia se contaminado. Na prisão de Lula, a narrativa já me parece outra na sociedade. Uma pesquisa recente mostra que 48% da população brasileira acreditam que o impeachment foi um golpe. Por mais que haja uma derrota do PT no campo judicial, há talvez um prenúncio de vitória na narrativa que se construiu”, afirma o cientista político Michael Mohallem, professor da FGV Direito Rio, ao explicar os dois momentos vividos pelo partido.

A queda no número de filiados não atingiu apenas o PT. Ainda conforme os números do TSE, desde 2002, o MDB, partido do presidente da República, Michel Temer, também perdeu simpatizantes e só começou a se recuperar em 2009. Hoje, ocupa o primeiro lugar no número de filiados, com cerca de 2,4 milhões de pessoas. Em seguida vêm PT, com os 1,5 milhão já mencionados, e PSDB, com 1,4 milhão.

Em 2002, os três partidos, junto com o PP, tinham 49,5% do total de filiados, ou seja, 5,5 milhões dos 11,1 milhões à época. Em números atuais, o número é de 16,8 milhões, o que significa uma redução na representatividade das siglas de 17%. Ainda segundo O Globo, a participação das quatro siglas no montante é de 41%.

A explicação se deve, além dos casos de corrupção, à criação de novos partidos, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a fidelidade partidária, na década passada, que passou a punir com a perda de mandato os parlamentares que optassem por mudar de partido. Não havia restrição, no entanto, para a migração a legendas recém-criadas.

“Em 2007, o TSE diz, e o Supremo confirma que, quando o sujeito muda de partido, ele perde mandato. Foi criada uma exceção, que se tornou uma válvula de escape, que é a criação de novos partidos. Isso caiu em 2017 e mudou. Mas, até então, era a regra: são dez anos em que os candidatos insatisfeitos com o seu partido poderiam mudar para novas legendas, além do incentivo do fundo partidário”, avalia Mohallem.

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