Embrapa discute resultados e rumos da pesquisa agropecuária no Semiárido

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Durante os dias 9 e 10 de maio, cerca de 100 pesquisadores e analistas da Embrapa Semiárido estiveram reunidos em Petrolina-PE para apresentar os resultados obtidos pela empresa no ano de 2017, além de discutir as demandas e as perspectivas para o futuro da pesquisa agropecuária para a região. A XIV Reunião Técnica Anual da Embrapa Semiárido contou com a representação do setor produtivo e, também, com a presença do Diretor Executivo de Inovação Tecnológica da Embrapa, Cléber Oliveira Soares.

Na ocasião, Cléber Soares falou sobre as mudanças que estão sendo implantadas na Embrapa, destacando o novo direcionamento da empresa com foco na inovação e na entrega de resultados para a sociedade, com impacto efetivo no setor produtivo. “Nós somos muito bons em transformar recursos em conhecimentos, mas temos muito a aprender para transformar nossos conhecimentos em recursos”, avalia.

Segundo ele, além do foco no resultado, as mudanças no modelo mental e no planejamento da empresa passam, também, pela descentralização do processo de inovação – que acontece efetivamente nas Unidades de pesquisa –, e pelo estabelecimento de parcerias e negócios, já que a empresa não detém todo o conhecimento nem tem a capacidade de resolver tudo sozinha.

Essa perspectiva de mudanças esteve presente em todas as discussões realizadas ao longo da Reunião Técnica, com reflexões sobre os desafios do processo de adaptação das pesquisas em andamento e dos futuros trabalhos a este novo modelo de inovação.

A participação do setor produtivo também foi fundamental para auxiliar na avaliação dos resultados e nas perspectivas futuras. “Foi uma experiência muito enriquecedora, pois são essas pessoas que vão de certa forma nos ajudar na prospecção de demandas”, ressalta o Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Semiárido, Flávio de França Souza.

O produtor de manga e uva Vanildo Roque Alves, do Projeto Senador Nilo Coelho, de Petrolina-PE, foi um dos convidados para participar das discussões com o corpo técnico da Embrapa Semiárido. Na ocasião, ele apresentou um relato da situação da sua propriedade, apontou os problemas mais sérios que enfrenta na produção, indicou demandas de pesquisa, tirou dúvidas e respondeu a perguntas dos pesquisadores. “Eu estou aqui para representar uma grande parte dos produtores, para que vocês possam nos ajudar, ajudar o Vale [do São Francisco] e ajudar o país, porque a gente precisa de vocês”, destacou.

A XIV Reunião Técnica Anual da Embrapa Semiárido foi a culminância de uma série de workshops realizados ao longo do mês de abril, nos quais foram feitas apresentações, análises e discussões mais amplas entre as equipes de cada um dos oito grandes temas nos quais a Unidade atua, juntamente com convidados representantes do setor produtivo. Desses eventos foram geradas notas técnicas, que vão subsidiar o trabalho de gestão da pesquisa nos anos posteriores, e uma síntese, que foi apresentada na Reunião para todo o corpo técnico da empresa.

Na temática da produção animal, foram mostradas as pesquisas com caprinos, ovinos, bovinos e peixes, incluindo a produção de forragem, produção de leite e derivados, controle de doenças, melhoramento genético e sistemas de produção, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Para os sistemas agrícolas dependentes de chuva, destacaram-se temas como a identificação de bactérias diazotróficas e de rizóbios para melhorar os sistemas de produção, a seleção de cebolas e de genótipos de sorgo para o Semiárido, alternativas para captação de água de chuva e a composição de coquetéis vegetais para estabilização de carbono no solo, que também foi pesquisado para áreas irrigadas.

O uso de recursos naturais e da biodiversidade do Bioma Caatinga também foi tema do evento, com a apresentação de pesquisas envolvendo espécies nativas para fins farmacêuticos e aromáticos, interação entre as plantas e os insetos polinizadores em espécies frutíferas, identificação de genes de plantas tolerantes ao estresse hídrico, vulnerabilidade de sementes e mudas de espécies florestais do bioma frente às mudanças climáticas e um trabalho liderado pela Embrapa e realizado em âmbito internacional para monitoramento de fluxos radiação, energia, carbono e vapor d’água em áreas de Caatinga preservada e degradada. Também foram expostos os trabalhos de processamento de frutas nativas, criação de abelhas sem ferrão e de conservação de coleções de plantas e abelhas nativas.

Das pesquisas voltadas para a agricultura irrigada, tiveram destaque as culturas mais tradicionais da região, como a manga e a uva – esta última incluindo frutas para consumo in natura e para sucos e vinhos –, a olericultura – especialmente a produção de melão, melancia e cebola –, e a diversificação de cultivos, englobando culturas como a acerola, maçã, pera, caqui, coco e citros. Os trabalhos vão desde a adaptação de variedades às condições da região, manejo da produção, de solo, água e nutrientes, pragas e doenças – incluindo o controle biológico e uso de óleos essenciais de plantas nativas –, até o processamento, conservação pós-colheita e aproveitamento dos resíduos.

Na reunião, foram abordados, ainda, os trabalhos na área de Desenvolvimento Territorial – a exemplo dos projetos realizados no entorno do Lago de Sobradinho, na Bahia, que beneficiam mais de 13 mil produtores rurais –, as ações de Transferência de Tecnologia – totalizando quase 400 eventos e visitas com um público de mais de 20 mil pessoas – e as estratégias de comunicação com a sociedade e seus diversos públicos, entre elas as quase 400 inserções na imprensa local, regional e nacional no ano de 2017.

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