Fiocruz comprova que muriçoca pode transmitir o vírus da zika

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Fiocruz comprova que muriçoca pode transmitir o vírus da zika

Estudo conduzido pela Fiocruz Pernambuco na Região Metropolitana do Recife (RMR) confirmou que a muriçoca (Culex quinquefasciatus) pode transmitir o zika vírus ao picar uma pessoa. A pesquisa mostra também que a população deste mosquito é cerca de 20 vezes maior do que de Aedes Aegyp, também transmissor da doença. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (9).

Profissionais da Fiocruz Pernambuco isolaram e sequenciaram, de forma inédita no mundo, o genoma do vírus zika coletado no organismo de mosquitos do gênero Culex. Também pela primeira vez, se fotografou, por meio de microscopia eletrônica a formação de partículas virais na glândula salivar do inseto.

Essas conquistas, obtidas com o uso exclusivo das plataformas tecnológicas da fundação, estão descritas no artigo “Zika virus replication in the mosquito Culex quinquefasciatus in Brazil”, publicado, nesta quarta, na revista Emerging microbes & infections, do grupo Nature.

Em coletiva, a coordenadora do estudo, Constância Ayres, comentou sobre os resultados. “A gente conseguiu verificar, em laboratório, que essa espécie de mosquito consegue se infectar com o vírus e permitir a replicação na glândula salivar, o que indica a possibilidade de transmissão ao picar uma pessoa”, comenta.

O pesquisador Gabriel Wallau, que também integra a equipe, considera que o artigo publicado na Nature vem mostrar, “com dados consistentes”, que o zika consegue se replicar dentro do organismo do Culex e que existem mosquitos dessa espécie infectados no campo. O ineditismo do estudo, segundo ele, reside no fato do vírus ter sido obtido de amostras de mosquito. Para o estudioso, essa semelhança era esperada, pois trata-se de uma linhagem de vírus que estava circulando no estado.

Segundo Constância, no Nordeste, as condições são mais precárias para evitar a reprodução do mosquito. “O sistema precário da coleta de lixo, esgotos a céu aberto e canais favorecem a replicação do mosquito”, disse.

Os resultados encontrados estão servindo de base para o início de novos estudos. De um lado, na verificação das mutações presentes nos genomas e se elas influenciam na capacidade de replicação do vírus no organismo do mosquito. Por outro lado, o grupo parte para estudar a capacidade vetorial do Culex, ou seja, será analisado o conjunto de suas características fisiológicas e comportamentais, no ambiente natural, para entender o papel e a importância dessa espécie na transmissão do vírus zika.

Confira algumas características que diferenciam o Culex do Aedes Aegypti:
>> A fêmea culex deposita todos os seus ovos em um único lugar, de preferência poluído (esgotos, canais, fossas)

>> O Aedes Aegypti distribui os ovos em vários locais, para garantir a sobrevivência da prole. Preferem ambientes com água parada que estejam limpos (calhas, caixas d’água, piscinas…).

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