Globo é proibida de noticiar inquérito do assassinato de Marielle Franco

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A TV Globo e a GloboNews foram proibidas de noticiar quaisquer informações a respeito do inquérito policial que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março. O veto foi feito pelo juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A emissora vai recorrer.

Em editorial lido pela jornalista Elisabete Pacheco durante o Jornal GloboNews – Edição das 18h deste sábado (17), a TV Globo alegou que a proibição “fere a liberdade de imprensa e o direito do público se informar”. O texto também foi lido no telejornal local do Rio de Janeiro, o RJ2, apresentado por Hélter Duarte.

Desde 15 de março, dia seguinte ao crime, a TV Globo passou a divulgar em primeira mão diversas informações sobre o inquérito policial. Foi o primeiro veículo a informar que a munição utilizada no crime era de uso exclusivo da Polícia Federal.

Desde então, outros meios de comunicação passaram a alfinetar o privilégio global. A vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram executados de forma brutal há oito meses, quando voltavam de uma palestra promovida pelo PSOL na Lapa, bairro na zona central do Rio de Janeiro. Assumidamente bissexual, a política era militante das causas LGBTQ+ e da igualdade racial.

O fato de ninguém ter sido preso pelo crime até agora foi alfinetado no extenso pronunciamento da emissora. Ele diz que a Globo “quer assegurar o direito do público de se informar sobre o que podem ser as falhas do inquérito, que em oito meses não conseguiu avançar na elucidação dos bárbaros assassinatos”.

Leia a íntegra do editorial veiculado pela GloboNews:

“A TV Globo foi noti_cada de decisão do juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio, que deferiu o pedido da divisão de homicídios da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado para que a emissora seja proibida de divulgar o conteúdo de qualquer parte do inquérito policial que apura os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.”

“Como o público acompanhou, a TV Globo teve acesso ao teor do inquérito policial desde o dia 14, e divulgou duas reportagens sobre o assunto, reproduzidas em seus telejornais locais do Rio, nos telejornais nacionais e na GloboNews, mas sempre evitando divulgar algo que pudesse por minimamente em risco as testemunhas ou as investigações. Fez isso em respeito aos princípios editoriais que norteiam o Jornalismo do Grupo Globo, sem a necessidade de nenhuma ordem judicial.”

“Na decisão, o juiz Gustavo Gomes Kalil proíbe a emissora termos de declarações, mesmo sem a identificação de testemunhas. Proíbe também a divulgação das técnicas e procedimentos sigilosos usados na investigação dos conteúdos das declarações de áudios de pessoas investigadas ou não, de conteúdos telemáticos, ou seja, de áudios e mensagens extraídos de contas de e-mail e telefones das vítimas, testemunhas e investigados. E ainda qualquer conteúdo relacionado ao inquérito.”

“A TV Globo, evidentemente, vai cumprir com a decisão judicial. Mas por considerar a decisão excessiva, vai recorrer da decisão por ela ferir gravemente a liberdade de imprensa e o direito do público se informar, especialmente quando se leva em conta que o objeto do inquérito é de alto interesse público no Brasil e no exterior.”

“A TV Globo quer assegurar o direito constitucional do público de se informar sobre o que podem ser as falhas do inquérito que em oito meses não conseguiu avançar na elucidação dos bárbaros assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson. E deseja fazer isso seguindo seus princípios editoriais, o que significa informar sem prejudicar testemunhas ou investigações.”

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