Gráficas suspeitas em 2014 perdem receita nesta eleição

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Após suspeita de irregularidade na campanha passada, grupos empresariais que declararam ter produzido material gráfico para a candidatura à reeleição de Dilma Rousseff enfrentam diminuição de ganhos e clientes na disputa eleitoral deste ano.

Segundo a primeira prestação de contas apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relativa aos gastos desde o início da campanha eleitoral, eles receberam juntos R$ 564 mil das campanhas de candidatos filiados ao PT, PSD, Pode, PDT e PV.

O montante é inferior ao da campanha passada. Segundo dados da Justiça Eleitoral, até o mês de setembro de 2014, eles ganharam R$ 10,7 milhões, em valores corrigidos pela inflação do período. Uma redução que chega a 94,7%.

A Polícia Federal apontou, em relatório no ano passado, indícios de que parte dos recursos declarados para as gráficas VTPB, Focal e Rede Seg não foi direcionada à produção do material, tendo sido “desviado e direcionado a pessoas físicas e jurídicas para benefício próprio ou de terceiros”. Elas negam as acusações.

Os elementos da investigação foram usados pelo ex-ministro do TSE Herman Benjamin, relator do caso, para votar pela cassação da chapa presidencial no ano passado. Por 4 votos a 3, contudo, a corte eleitoral absolveu a petista e o seu então vice, Michel Temer.

Além da queda nos ganhos, a quantidade de campanhas atendidas pelo grupo empresarial também sofreu redução. Na disputa passada, eles produziram até setembro material para 30 candidatos. Neste ano, registraram oito.

Nas eleições deste ano, as doações empresariais são proibidas, o que reduziu a arrecadação das candidaturas, e o período de campanha é mais curto que o da anterior. No mesmo intervalo, contudo, a diminuição nos gastos com programa televisivo teve uma queda menor que o recebido pelas gráficas. A despesa dos petistas com a propaganda eleitoral gratuita, por exemplo, passou de R$ 34,5 milhões para R$ 7,9 milhões, redução de 77,1%.

Com o novo nome de Ponto Eleitoral, alterado em julho deste ano, a VTPB produziu neste ano material gráfico para as campanhas de candidatos do PSD e do Podemos. Na eleição passada, ela recebeu até setembro um montante de R$ 4,8 milhões. Agora, teve um ganho de R$ 300 mil.

Segundo o presidente da empresa, Beckembauer Braga, a queda deveu-se tanto às acusações do passado como às limitações na arrecadação. “As acusações, que foram posteriormente esclarecidas e se mostraram inverídicas, atrapalharam. E, com a redução dos gastos, os clientes também acabaram optando por produtos mais baratos”, disse. Ele diz que recentemente fechou um novo contrato, que deve entrar na próxima prestação de contas, que elevou o ganho para R$ 745 mil.

“Houve efeitos das notícias que veicularam imagem fantasiosa da empresa. Ela respeita as regras de campanha e não é de fachada”, diz o advogado da gráfica, Miguel Pereira Neto.

Já a Focal não foi até o momento fornecedora na campanha eleitoral deste ano, mas a CRLS, outra gráfica do empresário Carlos Roberto Cortegoso, tem prestado serviços.

Ela atendeu, por exemplo, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, e o coordenador da campanha presidencial de Fernando Haddad, Emídio de Souza, que disputa uma vaga de deputado estadual. Até o momento, a CRLS recebeu R$ 40 mil. Em 2014, até o mês de setembro, a Focal teve um ganho de R$ 3,3 milhões.

Naquele ano, as notas fiscais da empresa foram apontadas como irregulares por técnicos do TSE. Procurado, Cortegoso disse que, após o episódio da campanha passada, a Focal não tinha como atuar neste ano. “Com a imprensa hostil e com condenações prévias, ficou inviabilizada”, disse.

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