Número de óbitos por gripe cresce cinco vezes em Pernambuco

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Apesar de ter vacinado 100% de seu público-alvo contra gripe, Pernambuco tem enfrentado um crescimento significativo dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), condição que pode ser provocada por diversos vírus e bactérias. Até o dia 28 de julho, 1.547 casos de SRAG foram registrados e 154 confirmados para vírus da gripe. No mesmo período do ano passado, foram 1.288 casos (20,1% a menos), com 110 confirmações (40% a menos). Já o número de óbitos com a presença de vírus da gripe confirmado é 360% maior este, passando de cinco, em 2017, para 23.

A SRAG é caracterizada pela necessidade de internação de pacientes com febre, tosse ou dor de garganta, associados à dispneia ou desconforto respiratório. Entre os óbitos deste ano, 34,8% (oito casos) foram de pessoas acima dos 60 anos. Outros 17,4% (quatro) foram de crianças menores de 2 anos, mesmo percentual para pessoas de 40 a 49 anos. Os exames laboratoriais confirmaram 15 óbitos com resultado positivo de influenza A(H1N1), sete de influenza A(H3N2) e um de influenza B.

O crescimento da SRAG mesmo com a cobertura vacinal adequada intriga especialistas. Com um público total de 2.399.361 pessoas prioritárias, o Estado vacinou 2.445.151 (101,9%) este ano. A cobertura de crianças foi de 89,79% , a de indígenas de 98,46% e as demais passaram dos 100%. Ainda assim, além das 23 mortes confirmadas por influenza este ano, há outros 19 óbitos por SRAG em investigação.

SEM EXPLICAÇÃO: “A gente não tem um argumento que justifique porque os casos (de adoecimento) e as mortes têm aumentado. Estamos tentando entender o que está acontecendo com a influenza, pois observamos algo que muda de padrão, que é a manutenção da curva epidêmica. Infelizmente ainda não temos explicação para isso”, declara a sanitarista Ana Antunes, gerente de Prevenção de Doenças Imunopreveníveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

A gestora explica que o órgão investiga os demais casos de SRAG para verificar se há outros agentes envolvidos. “Um detalhe é que este ano os três vírus (H1N1, H3N2 e influenza B) circulam ao mesmo tempo, mas não podemos dizer que somente isso justifica a situação atual”. O boletim técnico do órgão reforça cuidados de prevenção e controle, uma vez que o Estado vem se mantendo entre as zonas de alerta e epidêmica (mais casos de gripe, com frequência mais longa do que o esperado para o período).

FATORES: O infectologista Paulo Sérgio Ramos considera outros fatores. “A população alvo é composta por idosos, imunodeprimidos, gestantes, portadores de doenças crônicas. Esses indivíduos podem apresentar uma resposta à vacina inferior à população em geral”, pontua. “Outro fato relevante é que o vírus em circulação esse ano em maior proporção é o A(H1N1) que costuma ocasionar quadros mais graves na população suscetível (que não foi vacinada). No ano passado, o maior cenário foi o A(H3N2)”.

A melhoria do processo de notificações também é citada pelo médico. “Uma questão relevante é que a vacina tem como objetivo maior reduzir hospitalização e óbito por gripe, ou seja, recebê-la não é garantia de que não adoecerá pelo vírus influenza. O propósito maior é não apresentar quadros graves com risco de óbito”, salienta.

Jc Online

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