‘Parecendo um zumbi’, diz moradora sobre comportamento recente de esposa do médico encontrado esquartejado em Camaragibe

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Nos últimos dias, causou estranheza a vizinhos e trabalhadores o comportamento da farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, e do filho dela, Danilo Paes, 23, engenheiro civil. Eles foram presos preventivamente ontem (5), suspeitos de ter matado o médico cardiologista e advogado baiano Denirson Paes da Silva, 54, marido de Jussara e pai de Danilo.

Um funcionário da casa disse à Polícia que os integrantes da família pareciam perturbados. Danilo, que não trabalhava, andava ficando bastante tempo em seu quarto. Jussara chorava muito, clamando pelo marido, e emagreceu bastante. Ela também teria dispensado a faxineira da casa e adquiriu o hábito de ir diariamente comprar almoço em um restaurante próximo de casa. “Ela entrava e saía do lugar parecendo um zumbi, bem magra”, contou outra moradora que não quis ter o nome revelado.

Funcionários do condomínio e moradores comentam que desentendimentos financeiros podem ter sido a causa do assassinato. Eles afirmam que Jussara e Denirson já estavam separados havia bastante tempo, mas ainda viviam sob o mesmo teto e brigavam bastante. O filho mais novo do casal – Daniel Paes, de 20 anos, estudante de Administração da Universidade de Pernambuco (UPE) – confirmou à Polícia essa informação.

A delegada de Camaragibe, Carmem Lúcia, explicou que, diferente da mãe e do irmão, o caçula se mostrou disposto a colaborar com a investigação e, aparentemente, não tinha conhecimento do crime. Ele passava mais tempo fora de casa – estudava e trabalhava – e chegou a ser internado em um hospital particular do Recife na quarta (4), quando passou mal ao saber que os restos mortais do pai haviam sido encontrados em sua casa, escondidos em uma cacimba coberta recentemente por cimento.

Ainda de acordo com moradores do condomínio, uma corretora que atua na região de Aldeia foi procurada no dia 20 de maio por Denirson, que queria alugar a casa. No dia seguinte, o médico avisou a ela que, por motivo de separação, tinha decidido botar o imóvel à venda. A delegada Carmem Lúcia disse não ter conhecimento dessa informação.

Prestadores de serviço que costumavam trabalhar para o casal já teriam sido contratados para pintar um apartamento onde Denirson iria morar. A delegada informou que o apartamento existia mesmo e também fica em Aldeia. Todos eles afirmam que o médico era “um patrão excelente” e tinha até prestado ajuda financeira aos empregados.

Para os vizinhos, é improvável que o crime tenha ocorrido em um rompante ou briga, uma vez que a casa da família – amarela, de número 153 – fica em frente ao poço de água mineral coletivo do condomínio, em uma rua central, onde seria improvável que ruídos não fossem ouvidos. “Ainda mais se o crime foi na época da greve dos caminhoneiros, quando estava todo mundo ‘ilhado’ aqui”, disse uma moradora que não quis ter o nome publicado.

Carro de mão
Um dos pontos que permanece em aberto é o desaparecimento de um carro de mão que teria sido comprado recentemente pelo médico para facilitar os cuidados com o jardim. O objeto não foi encontrado pela Polícia – a delegada confirmou esse ponto – e pode ter sido usado para transportar o corpo, que foi esquartejado e carbonizado. No entanto, Carmem Lúcia disse que até agora não foi achado nenhum objeto que possa ter sido usado para o esquartejamento.

Cachorro
A morte por envenenamento é um das hipóteses que deve ser considerada pela Polícia. Vizinhos contaram que o cachorro de Denirson foi encontrado morto aproximadamente dois meses atrás, por envenenamento, e não poucos dias atrás, como foi divulgado inicialmente. Uma das possibilidades é de que o veneno tenha sido testado primeiro no animal, depois no dono da casa.

Buscas
Ao estranhar a ausência de Denirson, parentes dele foram até a casa e encontraram passaporte e documentos, além dos carros da família, que estavam parados e com tanque vazio desde a greve dos combustíveis. Eles chegaram a fazer buscas no condomínio, inclusive na área de mata que fica dentro do terreno.

Entenda o Caso
O desaparecimento do médico cardiologista Denirson Paes da Silva vinha sendo investigado há quase um mês. Em um Boletim de Ocorrência registrado no último dia 20 de junho sobre o desaparecimento do marido, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, alegava que a vítima teria viajado para fora do País e que não teria retornado. A delegada Carmem Lúcia desconfiou do envolvimento dos familiares e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio em que eles moravam.

Para a polícia, há indícios suficientes da participação de mãe e filho na ocultação do cadáver do médico. Os restos mortais dele foram encontrados, parte na quarta (4) e parte na quinta-feira (5) dentro de uma cacimba na casa onde morava, no condomínio Torquato Castro, na Estrada de Aldeia, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife. As investigações continuam a fim de esclarecer a motivação e a conduta de cada um.

Vizinhos do médico afirmaram que dois funcionários dele prestaram depoimento. Um deles teria afirmado que a esposa da vítima o chamou dias atrás para fechar, com cimento, uma cacimba que já estaria lacrada com uma tampa “bastante pesada para ser carregada por uma pessoa só”. O homem teria notado um mau cheiro, mas a farmacêutica alegou que um gato tinha morrido dentro da cacimba.

O segundo funcionário contou à polícia que o médico, pouco antes de desaparecer, tinha explicado a ele que não precisaria mais de seus serviços porque estaria se separando e iria morar no Recife.

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