Projeto La League, da Plan International Brasil, promove o empoderamento de meninas e meninos por meio do futebol

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No interior do Maranhão, nos entornos da cidade de Codó, meninas e meninos entre 12 e 18 anos se reúnem com frequência para praticar o esporte que é unanimidade nacional, o futebol. Essa troca dentro e fora de campo tem repercussões muito mais amplas do que os 90 minutos de uma partida: ajuda a quebrar padrões de desigualdade de gênero enraizados nas comunidades, promove formações em habilidades para a vida e em empoderamento econômico.

Meninas empoderadas conseguem evitar casamentos infantis e a gravidez na adolescência – especialmente quando recebem o apoio de seus pais, de outros homens cuidadores e dos meninos com quem dividem os treinamentos de futebol e as aulas na escola. Por isso, o objetivo geral do La League é contribuir para que as meninas e os meninos estejam habilitados a prevenir a gravidez na adolescência e reduzir a quantidade de casamentos infantis. O projeto visa ampliar o acesso à educação e às oportunidades econômicas das meninas usando o mundo do futebol como ponto de partida.

La League

Criado na Holanda, o Projeto La League reúne três entidades: a Plan International, a Fundação Johan Cruyff e Women Win. Juntas as organizações combinam o que têm de melhor para alcançar meninos e meninas. Na Plan, a base está no projeto “Campeãs e Campeões da Mudança”, que apoia o empoderamento das meninas e jovens mulheres e promove o engajamento dos meninos e jovens homens para a mudança nas normas de gênero.

Já a Fundação Johan Cruyff usa o projeto “Heroes of the Cruyff Court”, que envolve meninas, pais, homens cuidadores, meninos e outras pessoas da comunidade em eventos e torneios inclusivos para todas as idades. E a Women Win adota o “Caminho para o Empoderamento Econômico e de Liderança”, em que meninas e jovens mulheres desenvolvem habilidades para a vida e de liderança, o que permite que elas planejem seu futuro: continuar seus estudos, candidatar-se a um emprego ou empreender seu próprio negócio.

O La League começou a ser implementado em 2018 e segue até 2020. Nesse período, a meta no Brasil é construir uma quadra Cruyff e impactar:

  • 350 meninas e 175 meninos entre 12 a 18 anos;
  • 175 pais ou homens cuidadores;
  • 50 meninas e jovens mulheres participando do programa de empoderamento econômico e de liderança;
  • 9 comunidades localizadas nos municípios de Timbiras e Codó, no estado do Maranhão.

Raniele e Josilda, boleiras de sucesso

Outros projetos de futebol feminino da Plan no Maranhão já obtiveram bons resultados e formaram jogadoras de sucesso. Elas são exemplos e inspiração para a turma do La League. Raniele Almeida e Silva tem 25 anos e mora em Codó. Teve uma infância marcada por dificuldades, mas não deixou de lado o sonho de ser jogadora de futebol. Conheceu a Plan aos 14 anos, quando participou do projeto Adolescente Saudável, que conscientiza jovens sobre saúde e métodos contraceptivos. Destacou-se nos campeonatos de futebol locais e ao concluir o Ensino Médio foi convidada a jogar em Pernambuco. Participou de um amistoso com a seleção brasileira de futebol feminino e realizou o sonho de conhecer a jogadora Marta. Tempos depois, jogou pelo Pinheiros, em São Paulo, mas os baixos salários a levaram de volta ao Maranhão. “O que anda faltando para o futebol feminino realmente acontecer é incentivo e infraestrutura. A gente muitas vezes não tem nem campo para treinar, mas, se tivesse, a gente iria crescer muito”, diz Raniele. Leia mais detalhes sobre a Raniele.

Josilda da Silva Oliveira tem 23 anos e é formada em Educação Física. Também mora em Codó. Filha de um pedreiro e uma faxineira, Josilda tem seis irmãs e praticamente formam um time. Todas sempre foram apaixonadas por futebol. Ela conheceu a Plan aos 12 anos, no Projeto Futebol Feminino. Por jogar bem, chamou a atenção de um professor, que a convidou para jogar por uma escola particular. Ganhou uma bolsa de estudos e percebeu que a dedicação ao esporte poderia levá-la ainda mais longe. Hoje, Josilda trabalha na Secretaria de Esportes da cidade e joga como convidada em eventos. Também atua como professora de Educação Física, o que dá a ela conforto econômico para uma vida com menos dificuldades que a média local. Leia mais detalhes sobre a Josilda.

A importância de impactar meninas

Tamanha preocupação com projetos que empoderam meninas se deve ao fato de que o Brasil é o quarto país do mundo em número absoluto de casamentos infantis. Embora em queda, as taxas de gravidez na adolescência também são altas: 68,4 nascimentos para cada 1 mil meninas entre 15 e 19 anos, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Esses números colocam o Brasil à frente de outros países latino-americanos, que conseguiram reduzir com mais rapidez o número de adolescentes grávidas.

Com projetos como o La League, as meninas passam a ser agentes de mudança em suas comunidades, combinando futebol com treinamento de habilidades de vida com foco específico em direitos sexuais e reprodutivos. Há também um empoderamento econômico delas, por meio da criação de oportunidades de trabalho na cadeia de produtos e serviços do esporte.

Sobre a Plan International Brasil

A Plan International Brasil foi eleita como uma das 100 melhores ONGs brasileiras em 2018 pelo “Melhores ONGs – Instituto Doar/Rede Filantropia”. Fundada em 1937, e presente em mais de 70 países, a Plan International é uma organização não-governamental, não-religiosa e apartidária que defende os direitos das crianças, adolescentes e jovens, com foco na promoção da igualdade de gênero. A Organização luta por um mundo justo, que promova os direitos das crianças e igualdade para as meninas, além de engajar pessoas e parceiros na causa. Mais informações: www.plan.org.br

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