RN: Semiárido tem 15 cidades em seca

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O acumulado de chuvas nos primeiros meses do ano não foram suficientes para retirar todas as cidades do Rio Grande do Norte da situação de seca severa. Faltando 20 dias para acabar o mês e a quadra chuvosa no semiárido – que vai de fevereiro a maio – 15 cidades de duas microrregiões permanecem em situação seca ou muito seca, de acordo com dados da Unidade de Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn). Todas as cidades nesse cenário estão com abastecimento comprometido, 14 em rodízio e uma em colapso, de acordo com a Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern).

O prognóstico pode ser pior para a população desses municípios quando se observa a previsão, que é de pouca chuva para os próximos dias. O chefe da Unidade de meteorologia da Emparn, Gilmar Bristot, explica que somente um fenômeno imprevisto poderia mudar a situação de seca severa que se encontram as cidades.

As cidades onde menos choveu estão localizadas nas microrregiões Seridó Oriental e Serra de São Miguel e são elas: Currais Novos, Acari, Cruzeta, São José do Seridó, Carnaúba dos Dantas, Santana do Seridó, São Miguel Encanto, Doutor Severiano, Coronel João Pessoa, Venha Ver, Luis Gomes, Major Sales, Riacho de Santana e Água Nova. De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 131.459 pessoas residem nesses municípios.

O chefe de meteorologia alerta que apesar de boas chuvas no Estado, essas duas regiões necessitam de uma “atenção especial” por parte do governo. “Elas preocupam pelo baixo aporte de chuvas. Ainda pode chover, mas teria que ser uma quantidade que não caiu durante todo o inverno”, analisou Bristot, que avalia o período de chuva como “bom”. “No geral satisfaz os mananciais hídricos e condição agrícola”, disse o meteorologista.

Em comparação com a microrregião em que mais choveu no RN, a de Umarizal, a microrregião Seridó Oriental, onde está o município de Currais Novos, teve um volume de chuvas três vezes menor: 2.037 milímetros contra 7.760 milímetros. É na microrregião de Umarizal onde estão as duas cidades com maior volume de precipitações, Martins e Frutuoso Gomes, com 1.382.8 milímetros e 1.069.0 milímetros entre janeiro e 10 de maio, respectivamente. “Não há explicação para esse acúmulo diferente nessas cidades”, esclarece Gilmar Bristot.

Nas cidades com poucas chuvas também estão localizados os reservatórios que se encontram em situação pior que a de 2017. O reservatório Marechal Dutra, também conhecido como Gargalheiras, no município de Acari, que está com apenas 0,10% da sua capacidade total, que é de 44,421 milhões de metros cúbicos. Outro açude na mesma condição é o Dourado, em Currais Novos, que está seco e, no ano passado, estava com 10% de sua capacidade.

Nas outras cidades, as chuvas foram favoráveis e o volume acumulado nos reservatórios de água do RN já supera a meta estipulada pelo Instituto de Gestão das Águas (Igarn), que previa uma recarga entre 20% e 30% nos volumes dos mananciais durante a temporada de inverno no semiárido potiguar. O Relatório da Situação Volumétrica divulgado na terça-feira (8) mostra que as reservas hídricas já atingem 1.385.100.815 m³, o que corresponde a 31,45% dos 4,404 bilhões da capacidade dos 47 reservatórios com mais de 5 milhões de metros cúbicos monitorados pelo Igarn. No último relatório, do final de abril, o volume dos reservatórios estava em 30,41%.

Previsão climática – Os próximos dias devem registrar chuvas no litoral e algumas cidades do interior, de acordo com a Emparn. Gilmar Bristot explica que o resfriamento do Oceano Atlântico na parte sul e a intensidade dos ventos está favorável a precipitações, “dentro do normal”. Segundo o chefe de meteorologia da Emparn, as poucas chuvas desse mês estão sendo causados por ventos vindo do sul, que estão dissipando as nuvens vindas da Zona de Convergência Intertropical.

Litoral – Os municípios das regiões Litoral e Agreste registraram chuvas abaixo da média até o momento e são considerados, de maneira geral, “secos” ou “muito secos” pela Emparn. A capital do RN acumulou 974 milímetros, o que representa pouco menos da metade do valor previsto, 2.263 milímetros para todo o ano de 2018. As precipitações, no entanto, devem se intensificar no mês de junho. Somente após esse período será possível definir se o acumulado ficou abaixo ou acima da expectativa anual.

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