UPE aciona Ministério Público para investigar panfleto que ameaça professores

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A Universidade de Pernambuco (UPE) acionou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ontem (9) para investigar os autores de um texto que ameaça professores e afirma que eles “serão todos demitidos” por seu posicionamento político-ideológico. A mensagem é semelhante à afixada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que cita alunos e docentes.

Por meio de nota, o MPPE informou que a promotora de Justiça Maria José Mendonça “vai instaurar um inquérito civil para investigar o caso e irá enviar uma recomendação à Secretaria Estadual de Educação e à direção da UPE para que o assédio a professores e alunos, que vise intimidá-los quanto à liberdade de pensamentos e discussão de assuntos, não seja tolerado“.

No texto afixado em um quadro de avisos no Campus Mata Norte da universidade, em Nazaré da Mata, os professores são chamados de “gayzistas, comunistas e sapatão“. A mensagem afirma que o curso de história será fechado, “para acabar com as mentiras dos professores, doutrinadores, comunistas e a baderna dos alunos maconheiros“.

Por meio de nota, a reitoria da Universidade de Pernambuco repudiou “veementemente a agressão a qualquer manifestação do ódio e a agressão a qualquer membro de sua comunidade acadêmica“.

Dentro da universidade, será instaurada uma sindicância para apurar os fatos. As agressões também serão denunciadas pela UPE às secretarias da Casa Civil, da Ciência, Tecnologia e Inovação e de Defesa Social. A Polícia Científica também foi notificada a respeito do caso, segundo a UPE.

No texto, a universidade diz, ainda, que “não tolera qualquer ameaça à liberdade, ao pensamento crítico, à democracia e intimidações aos seus membros“.

Um dos citados na mensagem, o professor de história Karl Schurster considera que as universidades estão se posicionando de forma correta quanto às mensagens que prometem ataques aos professores e discentes.

“A gente não pode abrir mão de pensar que as pessoas que são radicais e que fazem ameaças são capazes de fazer o que dizem. A gente não pode desacreditar e pensar que o discurso não é posto em prática até o primeiro morrer ou levar um tapa. A gente está num processo de construção de um discurso de ódio e quem vai ter que colocar um freio nisso é a sociedade, que vai ter que adotar uma postura de se defender do próprio estado“, afirmou.

Ainda sobre o caso, Karl acredita que as universidades públicas viraram alvos por causa da instabilidade política do Brasil.

Os cursos de história estão sendo duramente atacados em todos os lugares, na educação pública. Básica ou superior. Isso tem acontecido nas universidades pelo histórico da livre expressão. As pessoas usam o discurso da liberdade de expressão para fazer ameaças e isso é uma autorização discursiva do presidente eleito. Quando ele fala, autoriza qualquer pessoa a fazer o que ele diz, ou pior“, disse.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) divulgou uma nota manifestando solidariedade aos professores e estudantes citados nas mensagens afixadas na UFPE e na UPE e informou que repudia o conteúdo dos panfletos porque ele “dissemina o ódio e apregoa preconceitos que, em um Estado Democrático de Direito, não são mais aceitos, pois trazem em seu bojo posições totalitárias e contrárias à liberdade e ao senso crítico“.

A entidade afirma que “a gravidade do conteúdo ocorre, principalmente, porque os autores difundiram mensagens de ódio e morte por simplesmente discordar de ideias de determinados professores e professoras“.

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