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“Querem envenenar a relação entre Lula e Eduardo Campos”
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, comanda uma das pastas mais poderosas da Esplanada dos Ministérios.
Ele é o responsável pela transposição do rio São Francisco, pelo conjunto de ações bilionárias para mitigar os efeitos da estiagem nordestina e pelas obras de prevenção de resposta aos desastres naturais.
Pernambucano de Petrolina, Bezerra foi acusado de usar o cargo para favorecer seu estado e o próprio filho deputado (Fernando Bezerra Filho) com emendas.
Mas quando todos apostavam que ele cairia na esteira da chamada “faxina ética” da presidente Dilma, ele sobreviveu e acabou se fortalecendo. Hoje, Fernando Bezerra Coelho cumpre uma tarefa em Brasília que vai além do ministério.
Ele tornou-se o interlocutor na delicada relação do Palácio do Planalto e do PT com o seu partido, o PSB. Nessa entrevista exclusiva ao Brasil Econômico, Bezerra Coelho garante que seu padrinho político, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, estará na campanha pela reeleição de Dilma em 2014.
Mas cobra do PT que a imagem dela e de Lula sejam de domínio público da frente que elegeu os dois e ajudou a manter a governabilidade.

O PT vai deixar o PSB usar as imagens da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula na campanha do Recife?

O presidente Lula é muito maior do que o PT. Ele é um patrimônio político do povo brasileiro. É preciso haver mais compreensão em relação ao uso da imagem dele. Todos deveriam usá-la.
Lula mudou a história do Brasil. Não acho correto que só o PT possa usar a imagem. Foi essa imensa frente política, na qual o PSB está inserido como protagonista, que deu sustentação política ao ex-presidente e à Dilma.
Nós dos partidos aliados gostaríamos que houvesse uma compreensão mais generosa por parte do PT. Não é correto utilizar instrumentos legais para impedir o uso da imagem dele ou que Lula seja instrumento de ação política de um único partido.
Mas é natural que ele escolha algumas cidades para participar.
O ex-presidente Lula ficou muito chateado com a decisão do PSB de romper
com o PT no Recife?
Não há rompimento. Estão dando muita ênfase aos desencontros no encaminhamento do processo eleitoral de Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. Não fizeram a leitura completa do jogos de alianças do PSB em 2012.
Nós apoiamos o PT no principal colégio eleitoral do Brasil que é São Paulo. Estamos apoiando candidaturas petistas em mais de 100 cidades brasileiras. Eu refuto essa leitura de rompimento.
Mas a relação entre e PSB e PT está hoje muito ruim…
Tenho informações de que essa não é a leitura do ex-presidente Lula. Existe muita intriga e muita gente apostando no afastamento do PSB e do PT. Precisamos desinvenenar a relação.
As intrigas são plantadas em colunas e notas nos jornais e na internet. Acredito que os dois partidos caminharão juntos por muito tempo na cena nacional.
Na próxima eleição?
O processo de construção dessa frente política vem de muito tempo. Creio que o PSB e o PT estarão juntos em 2014. Após o período eleitoral, a relação de amizade permanecerá tão boa quanto sempre foi.
O PSB chegou a ter candidato à presidência da república e nem por isso rompeu com o PT depois da eleição.
Como explica o rompimento do PT com o PSB em Belo Horizonte?
Isso é fruto do processo político. Houve um esforço pelo entendimento lá e também em Recife e Fortaleza. Por mais importantes que sejam essas capitais, as eleições não são mais importantes do que o projeto nacional liderado pela presidenta Dilma.
Quem transfere mais voto no Recife: Lula, Dilma ou Eduardo Campos?
Em Recife muitos querem forçar a disputa entre Lula e Eduardo Campos. Vão quebrar a cara. A disputa é entre Humberto Costa e Geraldo Julio.
Eduardo e Lula estão no mesmo palanque nacional e comungam do mesmo projeto. Quem apostar na intriga e no envenenamento das relações vai se dar mal.
O PSB está bem representado hoje na Esplanada dos Ministérios?
Todo partido deseja ter um protagonismo maior. Mas quem define os espaços no governo é a presidente da república. Nós temos o espaço que ela julga necessário para que o PSB continue animado em ser o aliado que é.
O sr. mudou o título de eleitor de Petrolina para Recife para ser candidato à prefeitura. Por que mudou de ideia?
A gente queria mesmo era construir um consenso em Recife, mas isso não foi possível. Nosso partido está bem consolidado nas regiões do sertão e do agreste, mas havia um desejo do PSB de ter uma presença maior na região metropolitana do Recife.
Queríamos mais expressão junto ao eleitorado urbano. Além disso, havia na capital uma sinalização de candidaturas múltiplas da frente popular.
Quando o sr. desistiu da disputa?
Lá por abril, o governador Eduardo Campos optou por caminhar junto com a candidatura do Maurício Rands, do PT. Ocorre que essa alternativa não logrou êxito em função da prévia interna deles. Então ocorreram alguns desentendimentos.
E isso levou os dois partidos a saírem separados?
O PT e o PSB estão momentaneamente afastados em Recife, mas existe um clima de compreensão da importância de se preservar essa aliança em nível nacional.
Queremos continuar dando sustentação ao governo da presidente Dilma Rousseff. Nossa perspectiva é ajudar na reeleição de Dilma.

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