Afinal, imprensa deve ou não noticiar os casos de suicídio? Eis a questão

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Revista BHAZ – 29/09/2017

Toda profissão tem seus tabus. No jornalismo, um dos tabus é a divulgação de notícias de suicídio. Existe, entre os profissionais da área, uma crença de que a divulgação de casos de suicídio serviria como estímulo para que pessoas que estão em depressão façam o mesmo, tirando a própria vida. Com base nessa idéia é que somente são noticiados os suicídios de pessoas famosas.

Silêncio vem de seis décadas

Para o jornalista e apresentador da Rádio Itatiaia, Eduardo Costa, o silêncio da mídia sobre o assunto vem de aproximadamente 60 anos, quando alguns jornalistas fizeram um acordo informal de que não deviam divulgar casos de suicídio, acordo esse que vem sendo mantido. Porém, sua visão sobre o assunto mudou. “O tempo mostrou que não é isso [silêncio]. Hoje, a OMS recomenda que se fale a respeito, e que falar é importante. Mas, falar com juízo” pondera. O apresentador diz que é a favor da divulgação, mas como fato; não como estardalhaço.

O jornalista e apresentador da Rádio Super Notícia FM, Rodrigo Freitas reconhece que o assunto sempre foi um tabu na mídia. E que há 12 anos, quando começou na profissão, a palavra “suicídio” era quase proibida nas redações. Porém, ele defende que, como os dados sobre suicídio são alarmantes, é preciso falar sobre o tema, mas com cuidado. “A abordagem é que deve ser cuidadosa. Não se trata de se registrar todo e qualquer caso. Mas, sim, de se discutir o assunto numa perspectiva psiquiátrica e sociológica”, explica.

Apenas alguns questionamentos:

As recentes queimadas na Amazônia foram divulgadas exageradamente dia e noite pela grande mídia, muito se falou que os focos de incêndio poderia ter sido provocado por criminosos. Se caso for comprovado o crime ambiental, pode ser levado em consideração que a sequência de noticias estimulou alguém a praticar tal crime.

Quando acontece um confronto entre bandidos e policiais no Rio de Janeiro, onde há vítima fatal por conta de balas perdidas. As primeiras informações são de que, possivelmente a bala perdida tenha sido disparada por policiais. Essas informações sem antes as comprovações dos fatos, pode muito bem estimular a população a se opor as ações policiais.

Os noticiários diários de tantos casos de corrupção não podem ser considerados a causa dessa epidemia, ao contrario, com as informações os agentes públicos estão vigilantes, pois sabem que a população não aceita a continuidade desse tipo de crime e exige apuração dos fatos, punição aos corruptos e respostas das autoridades de todos os poderes.

Portanto, está na hora da grande imprensa e as autoridades desse país, acabarem com essa hipocrisia e buscar soluções para um problema tão grave. Enquanto jovens estão se mutilando, a beira de tirar a própria vida tem gente lucrando com essa tragédia. O Brasil tem que entender que o problema existe, cabe a todos debater o tema por amor ao próximo e com compromisso a vida do semelhante.

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