Ceará chega ao 9º dia de paralisação da PM com batalhões ainda fechados

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O Ceará chegou nesta quarta-feira (26) ao 9º dia seguido de paralisação de parte da Polícia Militar com três batalhões ainda fechados. Para tentar encerrar o motim dos PMs, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Ceará decidiram criar uma comissão conjunta formada por representantes das três instâncias.

Representantes dos PMs devem ser procurados nesta quarta para apresentar as demandas da categoria em busca de um acordo. A comissão será coordenada pelo Ministério Público do Ceará e será acompanhada pelo Exército Brasileiro.

O motim começou na terça-feira (18), quando homens encapuzados que se identificam como agentes de segurança do Ceará invadiram e ocuparam quarteis, depredando veículos da polícia. Policiais militares reivindicam aumento salarial acima do proposto pelo governador Camilo Santana.

Desde o início do movimento, o estado registrou 170 homicídios. O número representa um aumento de 37% em relação aos casos registrados durante a última paralisação de PMs no Ceará, em 2012. O movimento daquele ano durou sete dias (de 29 de dezembro de 2011 e 4 de janeiro de 2012), e teve 124 assassinatos.

Subiu para 47 o número de policiais militares presos desde o início do motim. Desse total, 43 agentes foram presos por deserção, que é o abandono do serviço militar; 3 presos por participar em motim; e 1 PM preso por queimar um carro particular.

Nesta quarta, um dos carros da PM teve os pneus cheios dentro de um dos batalhões ocupados. Um policial, que preferiu não ser identificado, contou que o veículo seria utilizado em “ocorrências graves”. No entanto, outros seis carros oficiais seguem no pátio do batalhão com pneus esvaziados.

‘Situação sob controle’
Na manhã de segunda-feira (24), o ministro da Justiça, Sergio Moro, esteve em Fortaleza para acompanhar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Ceará, junto com o governador Camilo Santana e os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e da Advocacia-Geral da União, André Luiz Mendonça.

Durante entrevista, Moro afirmou que, apesar do aumento do número de crimes violentos, não há “absoluta desordem nas ruas” e que a situação “está sob controle”. Moro disse ainda que as Forças Armadas estão no Ceará temporariamente, até que a paralisação de parte da Polícia Militar seja resolvida.

As forças estão aqui subsidiariamente pra atender a uma situação que nós entendemos ser temporária e que deve ser resolvida brevemente. Existe um indicativo de aumento de alguns crimes mais violentos, mas não há uma situação de absoluta desordem nas ruas. As pessoas estão nas ruas, nós circulamos nas ruas. Não existem, por exemplo, saques a estabelecimentos comerciais, nem nada disso. A situação está sob controle, claro dentro de um contexto relativamente difícil em que parte da polícia estadual está paralisada“, disse Moro.

Agentes afastados
Até terça-feira (25), 230 policiais foram afastados das funções por envolvimento no motim, com a instauração de Processos Administrativos Disciplinares (PADs) pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD). Destes, 150 são soldados, mas a lista também inclui cabos, sargentos e subtenentes.

Os afastamentos, a princípio, são preventivos e devem durar 120 dias. As investigações apuram práticas “de ato incompreensível com a função pública, gerando clamor público, tornando os afastamentos necessários à garantia da ordem pública”, segundo o Diário Oficial do Estado (DOE).

Nesta terça, o governo divulgou que 47 policiais já foram presos desde o início da paralisação, sendo 43 por faltarem a uma chamada para trabalhar na segurança em festas de carnaval no interior do Ceará, 3 presos por participar em motim; e 1 PM preso por queimar um carro particular..

Na lista dos afastados, está o ex-deputado federal Cabo Sabino (Avante-CE), da Polícia Militar do Ceará. Segundo informações do DOE, Sabino e lideranças da Associação das Esposas de Militares, “convocaram os policiais e familiares para se fazerem presentes no 18º BPM [Batalhão da Polícia Militar] com o objetivo de obstruir o serviço e iniciar o movimento de paralisação” dos policiais. |G1 Ceará|

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