Jumentos vítimas de maus-tratos não ficarão mais em Rodelas-BA; secretário explica os motivos

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Por: Ozildo Alves

Secretário de Agricultura Marcos David emite nota informando que o município de Rodelas não receberá os animais (jumentos) porque os responsáveis não apresentaram as condições mínimas para que a saúde e o bem-estar dos animais fossem assegurados.

No último dia 6 de fevereiro de 2019, o Prefeito de Rodelas, Geraldinho de Livino, o Presidente da Câmara de Vereadores Joedson Ribeiro, Chefe de Gabinete Clemilton Cunha e o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Marcos David, participaram de uma audiência no Ministério Público Estadual de Euclides da Cunha – BA, coordenada pelo promotor de justiça Dr. Tiago Ávila de Souza e que contou também com as participações de técnicos da ADAB, INEMA, IBAMA, representantes dos municípios baianos de Euclides da Cunha e Canudos, representante da instituição internacional de proteção de jumentos, (The Donkey Sanctuary – ONG Britânica) e os zeladores dos animais da suposta empresa chinesa Cuifeng Lin. O objetivo da reunião foi solucionar e amenizar os problemas e sofrimentos dos animais.

Durante a audiência os técnicos do INEMA iriam apreender os animais e também definir o fiel depositário que seriam os zeladores dos animais. O advogado dos zeladores contestou que os mesmos não eram pessoas com capacidade postulatória para manter os animais e em seguida a representante da ONG Britânica The Donkey Sanctuary se prontificou a ficar com a responsabilidade dos animais por 30 dias.

Durante a audiência os representantes da prefeitura de Rodelas informaram que o local escolhido para a transferência dos animais não tinha estrutura mínima para oferecer o bem-estar animal por se tratar de uma área totalmente desmatada e sem pastos para a alimentação dos mesmos. Segundo o secretário David, o fator principal dos representantes do município em se oporem a essa transferência foi porque os responsáveis pelos animais (jumentos) não apresentaram as condições mínimas para que a saúde e o bem-estar dos animais fossem assegurados na propriedade que seria alugada.

O secretário acrescenta que os princípios básicos de bem-estar animal, consideram que estes devem ter alimentação adequada (ausência de fome e sede prolongadas), boas condições de alojamento (áreas confortáveis para descanso, conforto térmico, possibilidade de locomoção), comportamentos apropriados (expressão de comportamentos sociais, boa relação homem-animal, indicadores de estados emocionais positivos), boa saúde (ausência de injúrias, ausência de doenças, ausência de dor).

Marcos David explica que com a suspensão do abate de jumentos em todo estado da Bahia, e posteriormente em toda região Nordeste do Brasil, os animais foram acumulados em uma propriedade que seria apenas um entreposto de triagem dos animais considerados aptos para ao abate.

David ainda explicou que o apelo maior para a proibição dos abates foram os casos de maus-tratos registrados em Itapetinga e Itororó, onde mais de 350 jumentos morreram de fome e sede, rumo ao abate, para atender, em sua maioria, ao mercado chinês.

“Na China, se extrai da pele e do couro do jumento uma substância usada no remédio tradicional chinês que promete combater o envelhecimento, aumentar a libido nas mulheres e reduzir doenças do órgão reprodutor feminino”, informou o secretário.

Marcos David ainda acrescenta que o plano dos frigoríficos era abater 200 mil jumentos por ano e tendo em vista que a população de jumentos no Nordeste é de cerca de 800 mil (sendo 96 mil na Bahia), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com esses números a Juíza Federal Arali Maciel Duarte, da 1ª Vara Federal em Salvador, tomou a decisão se baseando no risco de extinção desses animais num período e quatro anos.

Na reunião foi decidido também que, por enquanto, os animais permanecerão na mesma fazenda, que fica localizada numa área de fronteira entre as cidades de Canudos, Euclides da Cunha e Uauá na Bahia.

Ainda de acordo com o MP-BA, nos próximos dias os animais passarão por exames, a serem realizados por técnicos da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), que emitirá também a GTA, guia que autoriza o transporte e atesta a saúde do bicho e posteriormente os animais serão colocados para adoção.

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