Para evitar desgaste, Bolsonaro abre mão de participar de eventos do Aliança

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Para evitar desgaste, o presidente Jair Bolsonaro vai abrir mão de participar presencialmente de eventos da Aliança pelo Brasil, partido que tenta criar para comandar.

A ideia é que ele interaja com apoiadores apenas em vídeo, seja por transmissão ao vivo pela internet ou em material previamente gravado.

Pelo cargo que ocupa, Bolsonaro usa em suas atividades a estrutura da Presidência da República. Isso inclui carro e avião oficiais para os deslocamentos, além de seguranças.

Sensível às redes sociais, ele teme ser alvo de críticas ao recorrer à estrutura do Palácio do Planalto em eventos políticos em outros estados.

Mesmo com a previsão de estar em Brasília neste sábado (18) e com a intempestividade que marca seu comportamento, auxiliares dizem que Bolsonaro não deve aparecer no ato que será promovido pela manhã na capital federal.

De acordo com organizadores da Aliança, ainda não está definido se, neste sábado, Bolsonaro fará uma live ou apenas mandará um vídeo gravado.

Eles dizem que, se o presidente for ao ato de Brasília, será cobrado a ir aos eventos de outras capitais -estão previstos 25 deles até 16 de fevereiro.

Além disso, em um mesmo dia haverá eventos simultâneos em cidades diferentes. Neste sábado também está programado ato em João Pessoa. Em 1º de fevereiro, haverá em Curitiba, Recife e Campo Grande.

Em outros casos, Bolsonaro já estaria impedido de participar por causa de conflito com a agenda presidencial.

A viagem para as celebrações do Dia da República da Índia, em 26 de janeiro, por exemplo, inviabiliza a presença do presidente em Salvador (25) e Teresina (26).

No evento de Goiânia, primeira cidade no calendário da Aliança, Bolsonaro nem mesmo mandou vídeo na última quarta (15).

Segundo auxiliares, o presidente ficou sem agenda para preparar o material do ato do partido diante da crise que se abateu sobre o governo após a revelação pela Folha de S.Paulo de que seu secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, recebeu dinheiro de empresas contratadas pelo governo.

Um teste para os atos da Aliança foi realizado no Ceará, em 4 de janeiro, quando os apoiadores dizem ter conseguido 1.600 assinaturas. Não foram divulgas informações sobre o número de assinaturas conseguidas na capital goiana.

Organizadores da legenda dizem não ter um orçamento definido para os eventos, bancados, segundo eles, por voluntariado local.

Se quiser participar das eleições municipais deste ano, a Aliança pelo Brasil precisará reunir 492 mil assinaturas até abril.

Segundo a legislação vigente, um novo partido precisa de apoio de 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados distribuídos por um terço das unidades da Federação (ou seja, nove) com um mínimo de 0,1% do eleitorado que tenha votado em cada uma delas.

Bolsonaro lançou a Aliança pelo Brasil em novembro, quando deixou o PSL, partido pelo qual foi eleito presidente.

A saída se deu em meio a um racha no partido, em um embate direto com o presidente do PSL, o deputado por Pernambuco Luciano Bivar.

As divergências tiveram início logo no começo do mandato, após a Folha de S.Paulo revelar o escândalo das candidaturas de laranjas.

Caso saia do papel, esta será o nono partido de Bolsonaro em sua carreira política. Ele ocupará a presidência da Aliança.

Seu primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), é o primeiro-vice-presidente.

Assessor especial da Presidência, Tercio Arnaud Tomaz faz parte da direção da sigla. Ligado ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), ele integra o chamado “gabinete da raiva” do Palácio do Planalto.

À frente da empreitada político-partidária do presidente, o ex-ministro do TSE Admar Gonzaga e a advogada Karina Kufa, respectivamente, serão secretário-geral e tesoureira da legenda.

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