Rede de cuidados é fundamental para tratamento de câncer de próstata

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Embora o estigma em torno do câncer de próstata tenha diminuído, especialmente entre os jovens, ainda há resistência de parte do público masculino em se prevenir e procurar atendimento. Por envolver várias etapas, de cirurgia a quimioterapia, dependendo do caso, o tratamento também exige um trabalho constante do emocional. Por isso, é fundamental para o paciente estar cercado por uma rede de cuidados.

A dona de casa Maria da Conceição de Souza, 62, é um exemplo disso. Desde que o marido dela, o motorista de ônibus aposentado Antônio dos Santos Oliveira, 74, recebeu o diagnóstico de câncer na próstata e na bexiga há quatro anos, viu a vida mudar. “Ele teve uma hemorragia muito grande e a gente levou para o [hospital] Otávio de Freitas. Lá, ele fez a operação na próstata”, contou ela enquanto aguardava a consulta com o marido no setor de urologia do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), no bairro de Santo Amaro, onde deu continuidade ao tratamento.

No mês passado, Antônio descobriu mais um câncer nos rins. Em busca de um reforço para cuidar do paciente, o casal, que morava no Centro do Recife, se mudou para a casa da filha de Conceição, no Curado, em Jaboatão dos Guararapes. Como não foi preciso fazer quimioterapia, a mulher o incentiva a caminhar ao ar livre, mas procura estar sempre por perto. “Ele não queria aceitar (a doença) e eu dizia que era normal operar. Sempre dou atenção. A gente não dá brecha”, diz a dona de casa. O marido chega a se emocionar quando fala do cuidado que a família tem com ele. “É importante demais”, comenta.

Tanto quanto o apoio logístico, de levar ao médico e ajudar com os medicamentos, o suporte emocional faz toda a diferença. Muitos pacientes temem perder a libido durante o tratamento e deixar de “ser homem”. Para inverter preocupações desse tipo, o urologista Fábio Vilar, do Real Hospital Português, defende que o diálogo entre o médico, a família e o paciente seja pautado pela transparência. “Essas coisas acontecem, mas você pode solucionar com terapias, tratamento psicológico, medicações e cirurgias”, afirma. “Não se deve esconder do paciente o que ele tem. O médico tem que tratar com a verdade e a família consciente fala, explica, dá o apoio. Assim, o paciente consegue enfrentar melhor isso”.

Para isso, a saúde emocional do cuidador deve ser preservada tanto quanto a do paciente. A psicóloga Ana Paula Carreiro Nogueira, do HPC, diz que o acompanhante deve estar preparado para acolher, evitando trazer outros estresses à pessoa em tratamento. “É muito comum, por exemplo, receber ligação sobre coisas que acontecerem em casa e acabar repassando. Ou seja, traz preocupações de fora para esse momento em que o paciente já está cheio de preocupações”, explica.

Quando o paciente chora, a tendência do familiar é dizer para não chorar, que está tudo bem. Mas chorar nesse momento vai fazer bem. Então deve acolher e deixar chorar porque o paciente precisa colocar para fora o que sente. Os homens, principalmente, se retraem mais e a família, sem querer, acaba intensificando”. |FolhaPE|

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