Esgoto hospitalar oferece risco de contaminação à população?

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Existe uma crença generalizada de que os efluentes líquidos hospitalares representam maior risco para a saúde pública e ambiental do que os esgotos sanitários. Deve-se considerara os seguintes fatores que se contrapõe a tal suposição:

• Doentes assintomáticos, convalescentes, reservatórios ou em um período de incubação, portanto fora dos hospitais, também podem expelir organismos patogênicos;

• Em hospitais são adotadas medidas de higiene e assepsia específicas como rotina;

• Os esgotos domésticos também implicam em patogenicidade, e em muitos casos, em grau muito elevado.

As excretas lançadas pelos pacientes no esgoto são compostas de fezes e urina, como da população em geral. Não há comprovação científica de diferença microbiológica entre o esgoto comum e o hospitalar. De um modo geral, os casos de doenças transmitidas pelo esgoto ocorrem pela ausência de rede de coleta, tratamento e destinação final adequada, independente de sua origem.

Os maiores riscos de contaminação referem-se aos resíduos sólidos lançados na rede, como por exemplo, resíduos radioativos, que podem oferecer riscos maiores que os biológicos.

Como o esgoto hospitalar deve ser tratado?

O lançamento de esgotos hospitalares ou não, não deve afetar o equilíbrio ecológico aquático necessário para atender as necessidades da comunidade, devendo ser previamente tratado antes de sua disposição final para não causar impacto no corpo receptor.

O Ministério da Saúde possui, desde 1994, uma norma para projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde-Portaria GM/MS1884/94, substituída recentemente pela Resolução ANVISA -RDC nº 050/02, que estabelece:

“Caso a região onde o EAS estiver localizado tenha rede pública de coleta e tratamento de esgoto, todo o esgoto resultante desse pode ser lançado nessa rede sem qualquer tratamento. Não havendo rede de coleta e tratamento, todo esgoto terá que receber tratamento antes de ser lançado em rios, lagos, etc. (se for o caso).”

Portanto, o esgoto só receberá tratamento específico quando não houver sistemas de coleta e tratamento na região. Neste caso, a responsabilidade pela destinação final não deve estar concentrada apenas nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, mas principalmente sobre o município, já que a operação, manutenção e controle exigidos por um sistema de tratamento independente, depende de um controle técnico rigoroso com custos elevados, tornando esta solução impraticável por um único EAS, mas viável quando adotada para a coletividade.

Pode-se considerar que os efluentes líquidos hospitalares são classificados como esgotos domésticos, não exigindo tratamento especial, senão aquele que deve ser dado aos esgotos sanitários de qualquer comunidade.

Diante do exposto, esgoto é esgoto, e as nossas lagoas de estabilização continuam interminada. Até quando vão brincar com o recurso público?

Esgoto é esgoto até quando se transforma em adubo orgânico, em resíduo líquido incapaz de contaminar os rios, incapaz de matar os peixes, incapaz de contaminar pessoas.

Se existe esgoto, existe poluição, se existe poluição existe morte. Morte de animais, morte de peixes, morte da fauna e flora. Morte da razão, morte da educação, morte da consciência, morte do planeta e morte da humanidade.

Por: Dr. Robson Mororó Engenheiro Agrônomo.

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