Após grave acidente, carteiro ciclista espera ansioso para voltar a pedalar

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O dia 3 de outubro de 2015 ficou marcado na vida do carteiro ciclista de Salgueiro, Cleber Santos. Nessa data, durante a disputa da Copa Paraíba de Downhill, na cidade de Fagundes, ele sofreu um grave acidente, que quase lhe custou os movimentos do corpo. Superando um dos maiores desafios de sua vida, o atleta do Sertão pernambucano lembra bem os momentos de angústia vividos durante a competição.

– Quando percebi que não conseguia me mexer, entrei em pânico total, comecei a gritar – lembra Cleber.

Lembranças do acidente
Único piloto de downhill da cidade de Salgueiro, Cleber costumava fazer os treinos da modalidade enquanto entregava correspondências na cidade. Quando foi para a Copa Paraíba, ele sabia que a preparação não tinha sido suficiente. Para o ciclista, o pouco preparo pode ter contribuído para o acidente.

– Quando fui para esta prova, eu não estava muito treinado no downhill. Na verdade, meu treino é a entrega de cartas aqui em Salgueiro. Sou carteiro e vou entregando cartas e treinado com a bike nas ruas da cidade, porque elas permitem esse treinamento, mas não é a mesma coisa de uma pista – reconhece.

O acidente aconteceu justamente quando Cleber estava participando de um treino na pista onde a prova seria realizada.

– Lá no treino, quando fui descer na pista, passei em um trecho muito cheio de pedras e raízes, com um barranco no final. Eu passei muito rápido, afoito, não toquei no freio e fui perdendo o controle da bicicleta. No final, perdi o controle e bati no barranco. Nessa pancada, eu cai de cabeça no chão e na queda fiquei paralisado do pescoço para baixo. Não mexia nada do pescoço para baixo, me deu um choque na medula.

Caído e sem sentir os movimentos do corpo, Cleber lembra que o momento do regaste foi bastante complicado. No entanto, ele destaca que o trabalho desenvolvido pelos Bombeiros e a ajuda dos outros pilotos da prova foram fundamentais.

– Como o trecho da pista é um dos mais difíceis, o Corpo de Bombeiros já estava lá. Chegaram rapidinho, colocando o colete cervical e me botaram na tábua de resgate. O maior sacrifício foi para os caras me levarem para cima, para me tirar da trilha e me levar para ambulância, que estava no topo da serra. Com muito esforço dos outros participantes da prova e dos bombeiros, me levaram até o Hospital de Traumas de Campina Grande. Chegando no hospital, fui atendido, e aí começou a voltar os movimentos. Só que ficou um choque nos braços, por causa da reação da medula e dos nervos. Eram choques fortíssimos, muita dor. Tive que tomar várias doses de morfina para evitar as dores – conta.

Durante a semana que passou internado em Campina Grande, Cleber conta que não conseguia dormir, em virtude das fortes dores. Ele passava a maior parte do tempo sentado.

– Eram tantos medicamentos, que eu passava um guardanapo no rosto e ele saia amarelo. Fiquei essa semana internado, passando a noite sentado, porque eu não conseguia dormir. Quando me deitava as dores aumentavam muito mais. Depois de uma semana voltei para Salgueiro e também passei o resto do mês praticamente sentado, não conseguia me deitar por causa das dores muito fortes.

Futuro no downhill
Quando saiu do hospital em Campina Grande, o ciclista retornou para Salgueiro, onde deu início ao processo de fisioterapia. O tratamento tem surtido efeito e ele espera voltar ao trabalho como carteiro no final de janeiro. No entanto, o que Cleber mais deseja é voltar a ter contato com a bicicleta.

Estou fazendo a fisioterapia e ainda sinto um pouco de incômodo nos braços e nas mãos. Estou afastado do trabalho até o final de janeiro, mas antes disso eu acredito que darei umas voltas de bicicleta. Já estou sem paciência de ficar sem pedalar, a verdade é essa – afirma.

Louco de vontade para voltar a pedalar, o carteiro ciclista de Salgueiro ainda não decidiu se pretende seguir no downhill. O pedido da família, os custos e os riscos oferecidos pela modalidade podem influenciar na decisão do atleta.

– Infelizmente, depois dessa queda, estou parando com essa modalidade, porque foi um susto muito grande e ficou uma pequena lesão na cervical. Eu já não quero mais arriscar, também tem a família que ficou pedindo para que eu parasse com essa modalidade por causa dos riscos. Infelizmente, eu acredito que não tenha como continuar, até porque as provas são longas, não são perto de Salgueiro, tem muita despesa. Eu tive que fazer essa escolha de não continuar.

Mesmo quase decidido a não permanecer no downhill, a paixão pela modalidade pode interferir na decisão de Cleber.

Não sei como vai ser quando eu realmente estiver recuperado. Coloquei a bike a venda, mas não sei ainda. Se eu vender a bicicleta antes do meu retorno, aí eu terei que parar. Mas até agora eu não sei se vou parar. Minha decisão é de parar, mas existe aquela pequena dúvida se eu realmente vou. Me dói muito parar nesse esporte que eu amo fazer – revela.

Se por um lado o downhill pode perder espaço na vida de Cleber, assim que estiver recuperado ele garante que continuará em outra modalidade.

– Vou continuar no mountain bike, que é uma modalidade mais tranquila. Eu já praticava antes, a turma de Salgueiro é muito boa, bem animada, tem muita gente que pratica e eu pretendo, nessa modalidade, não parar. Treinar um pouco mais para participar de provas que acontecem perto de Salgueiro, tornando a diversão mais barata.

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