Chuva evita uso do volume morto em Sobradinho, na BA: ‘É uma esperança’

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Sob a pior seca na Bahia das últimas oito décadas, o reservatório de Sobradinho, no norte do estado, estabilizou o volume útil em 1%, contrariando a previsão pessimista de que chegaria ao “volume morto” em dezembro deste ano. “Não garante estabilidade, mas ficamos mais distante da reserva técnica”, considerou o diretor de operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Ailton de Lima. Apesar do resultado inesperado, o nível de água é o pior da história. Antes de 2015, o menor nível registrado foi de 5,3%, percentual identificado em 2001.

Lima detalha que o “volume morto” não foi atingido, conforme previa a própria Chesf, por conta das chuvas que caíram na Bacia do Rio São Francisco nos últimos dias. “Vínhamos torcendo para que isso acontecesse. Essas chuvas caíram entre Três Marias (MG) e Sobradinho. Com isso, o volume morto, que se aproximava, deu uma estabelecida”, informou.

Ainda em alerta, Lima conta que a região que envolve o reservatório está no período de chuva, que deve durar até maio de 2016. “Parece que o clima úmido pegou agora. Normalmente, sempre temos água nova entrando nessa época. Estamos na expectativa de que assim continue”, revela.

O reservatório de Sobradinho tem 34 bilhões de metros cúbicos de água. Deste total, 28 bilhões integram o volume útil, que é usado na produção de energia, no abastecimento das famílias e na manutenção das atividades de irrigação e pecuária. Os demais seis bilhões fazem parte do chamado “volume morto”, que é uma reserva técnica programada para ser usada apenas em momentos de emergência.

Com o início do período úmido, o reservatório de Sobradinho já está recebendo mais água do que distribuindo. Na última medição, feita no domingo (6), Lima descreve que a vazão afluente [que chega] era de 1.100 metros cúbicos por segundo (m³/s). Já a vazão defluente [de saída],  que é fixa, é de 900 m³/s.

Conforme Silvana Leite Nunes, secretária do Comitê de Bacia do Lago de Sobradinho, as chuvas têm sido identificadas em alguns municípios vizinhos, como Pilão Arcado, Barra e Remanso, que também são banhados pelas águas do Rio São Francisco. “Em Barra, já soube que o rio subiu dois metros”, afirmou.

Em Sobradinho, Leite destaca que o tempo continua quente e seco. “Na minha comunidade [Canaã], por exemplo, choveu 15mm. Já na cidade, ainda não choveu”, detalha. Entretanto, as informações das cidades vizinhas têm aumentado as expectativas por dias melhores. “Tem aumentado [as chuvas na região]. Já é uma esperança”, conclui.

Produção de energia

Chegando ao “volume morto”, a produção de energia no reservatório de Sobradinho  seria inviabilizada.

Entretanto, José Ailton de Lima diz que isso não iria impor uma crise energética. Ele detalha que o nordeste tem abastecimento de energia elétrica assegurado por meio de geração térmica, eólica e outras hidrelétricas. Além disso, explica que se necessário, há possibilidade de importação de energia de outras regiões.

Conforme Lima, a liberação da reserva técnica iria garantir a captação de água das populações locais, como também a manutenção dos animais e da produção agropecuária.

Redução da vazão

O reservatório de Sobradinho, o maior do nordeste, foi criado em 1979 para funcionar com vazão de 2.060 metros cúbicos por segundo (m³/s). Entretanto, devido à seca que atinge a região, vem sendo reduzida desde 2013. Hoje, a vazão é 900 m³/s.  Chegando ao volume morto, a perspectiva é de que o escoamento chegue a 800 m³/s.

Conforme José Ailton, a redução da vazão não compromete a captação das comunidades. “Os 900 m³/s, que é praticado desde agosto, nunca trouxe problemas. Quando eu reduzir para 800 m³/s, haverá uma queda no nível do rio em 15cm ou 20cm. Se a bomba de captação já estiver no limite [nas comunidades], será preciso colocá-la mais perto da água”, alerta.

Reservatório estratégico

Alimentado pelo Rio São Francisco, o reservatório de Sobradinho integra uma cascata de hidrelétricas, sendo a maior e mais importantes delas.

Localizada abaixo da hidrelétrica de Três Marias (MG), é responsável por alimentar as usinas de Itaparica, Moxotó (perto de Paulo Afonso), Complexo de Paulo Afonso (I, II, II e IV) e Xingó (entre Alagoas e Sergipe).   Além da Bahia, o reservatório de Sobradinho atende a municípios de Pernambuco, Sergipe e Alagoas.

Materia do G1 Bahia

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