Em reunião, Lula deve reclamar de repercussão negativa de disputa por dividendos na Petrobras

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Presidente da estatal defendia distribuição de 50% dos recursos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá usar a reunião nesta segunda-feira com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e integrantes do seu governo para reclamar da repercussão negativa criada com a decisão da estatal em torno do pagamento de dividendos extraordinário, anunciada na semana passada.

A retenção de 100% dos dividendos extraordinários da estatal derrubou as ações da empresa e, também, é reflexo de uma disputa interna no próprio governo. A Petrobras perdeu mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado em um só dia.

Lula se aborreceu por uma crise da Petrobras ter chegado ao gabinete presidencial e deve queixar-se sobre isso junto a Prates. Auxiliares de Lula afirmam que a ideia de distribuir dividendos extraordinários entre os acionistas foi levada ao presidente pelo chefe da estatal.

Como mostrou a colunista do Globo Malu Gaspar, Prates defendia a proposta de distribuir aos acionistas 50% dos recursos que sobraram livres no caixa após o pagamento dos dividendos regulares — R$ 43,9 bilhões. Por outro lado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendia reter esse dinheiro em um fundo de reserva. O governo tem maioria no Conselho de Administração da empresa, com 6 dos 11 conselheiros. Lula arbitrou e acabou decidindo que empresa não pagaria dividendo extra.

Silveira conta com o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Essa ala do governo argumenta que a retenção desse recurso preserva o fluxo de caixa da Petrobras, sem abrir mão do compromisso da companhia de pagar dividendos futuramente, revendo a decisão em outro momento.

Prates, no entanto, defende que se não pagar o extra aos acionistas poderia derrubar o valor de mercado da Petrobras e de que não há riscos em fazer os pagamentos. Frente a mais uma queda de braço com o ministro Alexandre Silveira e a Casa Civil, o presidente da Petrobras tem buscado apoio junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que deve participar do encontro na tarde de hoje, e também defende o pagamento de dividendos.

Auxiliares reclamam de Prates

Interlocutores de Lula avaliam que foi um erro de Jean Paul trazer um tema da companhia diretamente ao presidente, enquanto há empenhos de alas do governo de passar ideia de autonomia da Petrobras.

Auxiliares de Lula veem o presidente da Petrobras com comportamento “errática” e como um ponto de tensão do governo.

A decisão de reter 100% e distribuir apenas os dividendos ordinários foi tomada sob influência dos conselheiros indicados pelo Ministério de Minas e Energia e pela Casa Civil. Por esta razão, o próprio Prates, conselheiro, se absteve na votação.

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