Fique atento! “A Lagarta Mandarová”

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Por: Dr. Robson Mororó – Engenheiro Agrônomo

Nos últimos dias, o Vale do São Francisco, especificamente no Projeto Brígida – município de Orocó, vêm aparecendo uma praga comum a nossa região, porem com uma população bem superior aos últimos anos. Diariamente alguns produtores, postam áreas com a cultura da macaxeira, totalmente atacadas pela Lagarta.

Como o entomologista da Embrapa Semi-Árido, o Dr. Tiago Lima disse em postagem nesse blog, que as lagartas ficam em casulos no solo e quando atinge uma alta umidade, quebra a diapausa e com isso vem ao mundo causar prejuízos nas lavouras.

É uma praga de origem Brasileira, onde ocorreu os primeiros registros nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. É uma praga sazonal, onde aparece esporadicamente, podendo demorar vários anos para atacar novamente.

A aerodinâmica de seu corpo permite ao inseto voar grandes distâncias, de modo que essa praga se estende por toda a América do Sul e América Central, e pode ser encontrada também na América do Norte até a fronteira com o Canadá.

É importante que o produtor saiba reconhecer as diferentes fases do desenvolvimento da lagarta, para garantir maior eficiência nas ações de controle da praga.

A lagarta do mandarová passa por cinco fases de desenvolvimento, que duram aproximadamente de 12 a 15 dias. Na prática, essas fases podem ser diferenciadas pelo tamanho do inseto, principalmente pela forma e coloração do apêndice abdominal ou chifre caudal, que se parece com uma seta. Da primeira à quinta fase, a lagarta pode medir de dois a doze centímetros de comprimento.

Nas três primeiras fases, mede até 3 cm e possui chifre abdominal mais proeminente e fino. É durante as fases iniciais que se obtém melhor eficiência das ações de controle à praga. Na quarta e quinta fases, quando a lagarta chega a medir de dez a doze centímetros e seu chifre caudal tende a diminuir e engrossar, a lagarta se torna mais resistente ao controle biológico e químico, sendo justamente a quinta fase o período em que ocorre a maior parte do consumo das folhas, com grandes perdas foliar e financeira para o produtor.

A lagarta do mandarová se constitui como a principal praga da cultura da mandioca, por causa da sua alta capacidade de consumo foliar, especialmente nas últimas fases de seu ciclo de vida, antes da fase adulta. A mesma pode se alimentar de mais de 35 espécies de plantas.

A lagarta pode causar severo desfolhamento nas plantas, com perda considerável. Quando o desfolhamento ocorre em plantas jovens (dois a cinco meses), as perdas são maiores do que em plantas mais velhas (seis a dez meses). Além disso, as lesões e ferimentos causados pelas lagartas facilitam a penetração de doenças na planta.

Assim como outros insetos, a lagarta também tem seus inimigos naturais, e um dos mais importantes são as vespas, que atacam as lagartas do mandarová, para alimentar seus filhotes no ninho, e auxiliam desta forma no controle da praga. São, portanto, importantes aliadas dos produtores de mandioca no combate ao mandarová, por isso seu ninho não deve ser derrubado ou queimado.

Com relação a controles químicos, é importante saber reconhecer em que fase a lagarta se encontra, pois o seu controle é mais fácil até a terceira fase. A partir da quarta e quinta fases, as lagartas de mandarová se tornam mais resistentes.

Outras formas é a destruição manual de lagartas e pupas pode ser realizada em pequenas áreas (principalmente nos plantios de mandioca, devido ao porte baixo das plantas). Com auxílio de uma tesoura ou instrumento pontiagudo, os produtores podem fazer um caminhamento no plantio, perfurando as lagartas que estão se alimentando das folhas. As pupas, que ficam enterradas até cinco centímetros abaixo da superfície do solo, podem ser coletadas e destruídas manualmente. Alguns animais, como galinhas comuns e galinhas d’Angola também se alimentam das pupas e lagartas, contribuindo para seu controle.

O uso de inseticidas biológicos, tipo o Bacillusthuringiensis, possui a vantagem de ser seletivo e de ser menos agressivo à saúde e ao meio ambiente. Esses produtos têm apresentado grande eficiência na eliminação do mandarová até o sétimo dia após a aplicação, mas somente é eficiente quando aplicado até a terceira fase de desenvolvimento da lagarta.

O controle químico, é a opção mais inadequada do ponto de vista ambiental, porém não pode ser descartada por técnicos, extensionistas e produtores, diante dos prejuízos econômicos decorrentes do ataque severo dessa praga.

Lembrete: Que o produtor jamais esqueça do EPI, para que no controle químico não seja mais uma vítima.

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