Discussões sobre a gestão pública nos estados estiveram no foco da programação da 25ª Conferência da União Nacional dos Legisladores e Legislativos (Unale) na tarde desta quinta (10). O cenário para os próximos quatro anos foi analisado pelos governadores eleitos Raquel Lyra (PE), Eduardo Leite (RS), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO), os dois últimos de forma remota.
Primeira a falar, Raquel Lyra destacou as duas gestões na prefeitura de Caruaru (Agreste) como fundamentais para exercer uma administração equilibrada como governadora de Pernambuco. “É hora de buscar apoios para realizar um trabalho comprometido com os que mais necessitam, e a Assembleia Legislativa será grande parceira nisso”, afirmou. “Vamos tentar driblar a burocracia para conseguir atender o básico, sem precisar de ideias mirabolantes para isso. Dentro da desigualdade, busquemos criar oportunidades. Vamos fazer um Estado ainda maior.”
Para Romeu Zema, governar de forma simples e eficaz é o segredo da boa gestão. “Em primeiro lugar, é preciso ‘enxugar’ a máquina pública e reduzir ao máximo as mordomias. Investir pesado em educação, saúde e segurança é prioridade. A população está cada vez mais atenta às atitudes dos políticos. O gestor precisa cumprir seu dever com transparência”, observou.
Já Ronaldo Caiado apontou como maior desafio romper com o ciclo da pobreza. “Passamos por uma grave crise. É necessário buscar apoio no Parlamento estadual para conseguir executar as políticas públicas necessárias. Com foco nos mais vulneráveis, acredito que investir em educação, saúde e segurança pública pode mudar a realidade para melhor”, frisou.
Reduzir a desigualdade econômica e social deve ser sempre a motivação do político no Brasil, segundo Eduardo Leite. “Proporcionar oportunidades para os mais vulneráveis gera mudança da realidade. A educação de qualidade é a principal porta para ‘virar esta chave’. Com o apoio do Parlamento, temos de lutar por recursos e saber utilizar o dinheiro em prol da população”, enfatizou.
Economia
A agenda desta quinta incluiu debate com o economista Gustavo Grisa, que deu um panorama do cenário econômico para o Brasil em 2023, a partir do novo Governo Federal. “Tudo leva a crer que haverá um presidencialismo de multicoalizão, com compartilhamento da governabilidade: assim, tanto o Legislativo quanto os governadores ganham força. Esse modelo vai permitir o ajuste das contas públicas, com o aumento do PIB e a queda do dólar, da inflação e dos juros”, projetou.
No painel “Economia Criativa e Novas Tendências”, a economista Ana Carla Fonseca explicou como as casas legislativas podem aproveitar esse conceito para desenvolver projetos e se aproximar da população. “Por meio de capacitação interna, de parcerias com outros poderes e entidades, além de novas regulamentações, torna-se mais fácil elaborar produtos e serviços com valor agregado e que tenham aprovação popular”, pontuou.
Imigração
Os dois participantes da mesa-redonda “Imigração: estamos preparados para receber os imigrantes?” analisaram o cenário desses movimentos populacionais. O analista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Oliver Stuenkel considera a chegada crescente de estrangeiros ao Brasil um grande desafio a ser enfrentado nos próximos anos. “Mas também pode significar uma grande contribuição para o desenvolvimento do País”, contrapôs.
“Estamos entrando na era da mobilidade global, provocada por desequilíbrios demográficos, demandas do mercado de trabalho e mudanças climáticas. Devemos nos preparar para receber bem esses imigrantes”, ressaltou. O cientista sugeriu que investimentos em acomodação, realocação e até ajuda para retornar ao local de origem são alguns pontos essenciais nesse sentido.
A deputada estadual por Illlinois, nos Estados Unidos, Sônia Harper, lembrou que os EUA são a terra da imigração. “Dos 322 milhões de habitantes, 42 milhões vieram de outro país. Percebo que os estados estão inovando na forma de lidar com a questão e já existem cerca de 200 normas relacionadas ao tema. Alguns problemas têm ocorrido na fronteira com o México, mas acredito que, com o tempo, eles vão deixar de existir”, observou.
Outros temas
O painel “Ampliação do Espaço Constitucional e Fortalecimento do Legislativo Estadual” foi conduzido pelo advogado e professor Marcelo Labanca. Ele destacou que é necessário fortalecer a organização política e a sustentação de direitos. “Precisanos ser tolerantes às diferentes conformações políticas. Em relação à legislação vigente, é possível renová-la, se necessário, para o bem da população, e as assembleias têm papel fundamental neste movimento”, concluiu. A programação encerrou com palestra motivacional de Jardel Beck.
A 25ª Conferência da Unale está sendo realizada na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata (RMR), e segue até esta sexta (11), com a participação de parlamentares de todo o País. Neste ano, o evento tem como tema “Os Rumos do Parlamento do Futuro”.