“Nosso marco é ancestral”: milhares de indígenas marcham em Brasília

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Milhares de indígenas se reuniram no centro de Brasília, nesta quinta-feira (25), para uma marcha que percorreu o Eixo Monumental e a Esplanada dos Ministérios em direção à Praça dos Três Poderes. O ato faz parte da programação do Acampamento Terra Livre, que está na 20ª edição.

Cada povo estava ornamentado conforme a etnia e cantou músicas tradicionais. Acompanhados de três carros de som, os indígenas carregaram bandeiras de luta pela terra e uma cobra de tecido de 100 metros com a frase “Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui.” Uma resposta à lei do marco temporal, aprovada pelo Congresso, que limita a demarcação às terras já ocupadas em 5 de outubro de 1988, data em que foi promulgada a atual Constituição federal.

A coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste, Avani Fulni-ô, falou da importância da marcha para a luta dos povos originários. “Essa marcha é uma comemoração dos 20 anos da Apib e também mostrar que estamos aqui pela terra. É uma luta pela terra, saúde e educação”.

Itamar Krenak, povo de Minas Gerais, que vive às margens do Rio Doce, lembra da queda da barragem de Mariana, que poluiu o curso d’água, fonte de recursos fundamentais para os indígenas da região.

Depois que aconteceu o crime ambiental a gente tem bebido a água fornecida pelo caminhão pipa. Então, o caminhão pipa não vai fornecer pro resto da vida a água pra gente. A gente precisa de uma solução, buscar fortalecer as nascentes, fazer poços artesianos, porque, até então, nós não temos água, não temos nada. É preciso que, principalmente a água seja resolvida, e a questão da terra”.

O coordenador da Apib, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Kleber Karipuna, afirmou que o movimento quer mais efetividade na demarcação das terras. “O que gente quer, como principal resposta hoje, é que o governo assuma o compromisso assumido na campanha, no processo eleitoral todo e também no início do governo, com os indígenas, de dar continuidade e ampliar mais o número de demarcação de terras. A gente precisa que o governo sinalize essa resposta para todos nós”.

Desde o ano passado, o governo federal demarcou 10 terras indígenas de 14 que já estavam prontas para homologação. Após a marcha, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto, em reunião fechada, 40 lideranças indígenas. Eles entregaram ao presidente uma carta com 25 demandas.

Fonte: Agência Brasil

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